Adolescentes consomem menos frutas e legumes do que o recomendado

Um estudo feito na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, envolvendo 812 adolescentes com idades entre 12 e 19 anos residentes na Capital paulista revelou que apenas 6,4% deles consumiam 400 gramas por dia ou mais de frutas, legumes e verduras (FLV), valor mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Dos entrevistados, 22% não comeram sequer alguma fruta, legume ou verdura no dia da avaliação.

A pesquisa foi baseada em dados levantados em 2003 pelo Inquérito de Saúde do município de São Paulo (ISA), da Secretaria Municipal de Saúde. O trabalho envolveu vários pesquisadores da FSP.

“Há sempre a ideia de que o adolescente come muito mal, porém, não tínhamos dados para confirmar este fato, pensávamos que havia um exagero nas afirmações. Mas os dados levantados são piores do que o esperado”, afirmou a nutricionista Roberta Bigio, responsável pela pesquisa, em entrevista à Agência USP.

A pesquisa ainda revelou outros dados preocupantes: 71,6% dos entrevistados consumiram em média 70 gramas/dia. “Essa quantidade é muito abaixo do mínimo necessário. Quando se fala em comer ao menos 400 gramas/dia, isso quer dizer que o adolescente deveria, no mínimo, comer um prato raso de salada de folhosos, como um alface, uma porção de cerca de 80 gramas de hortaliça cozida, como uma cenoura, e três frutas de porte médio durante o dia, como uma banana ou uma maçã”, disse Roberta.

Segundo a pesquisadora o baixo consumo de FLV afeta o valor nutricional da dieta dos jovens, o que pode gerar complicações a curto e em longo prazo. Ela explicou que algumas vitaminas encontradas nesses alimentos são antioxidantes, como a C, a A e a E, e que a falta delas pode levar a inúmeros problemas, como os de doenças cardiovasculares e câncer. “Além disso, frutas, legumes e verduras são produtos de baixa caloria e os adolescentes os substituem por produtos altamente calóricos, podendo levar ao excesso de peso e outras doenças decorrentes deste”, acrescentou.

Variáveis

No estudo, ainda foi analisada a relação do consumo de FLV com a renda per capita e com a escolaridade dos pais dos adolescentes. Notou-se que essas variáveis influenciavam no consumo, que aumentou nas categorias de maior renda e maior escolaridade do chefe da família. A pesquisa não abordou as causas dessa relação, entretanto, Roberta sugeriu algumas suposições. Para a nutricionista, quanto maior a renda, maior é o alcance para consumir um tipo de alimento que é considerado mais caro.

Ela também comentou que há aquelas pessoas que moram na periferia longe de feiras ou outros lugares que vendem frutas e verduras, “sem contar a pessoa que não compra a mais do que aquilo que ganha na cesta básica”, disse. Quanto à escolaridade, Roberta lembrou que quem possui melhor instrução tem um entendimento maior da importância do produto.

Fonte: Site É Notícia (Com informações da Agência USP)