Boas Práticas Agrícolas: exigências de um mercado cada vez mais consciente

Essenciais para garantir a qualidade e a segurança alimentar, as Boas Práticas Agrícolas também contribuem para o meio ambiente e, por isso, se fazem cada vez mais necessárias para atender às demandas de mercado

A busca por alimentos cada vez mais saudáveis e de qualidade parecem ser uma tendência progressiva que está sendo cada vez mais incorporada no processo produtivo e comercial de frutas e hortaliças. Isto se reflete na exigência do consumidor por alimentos com garantia de origem, uma preocupação adotada também por muitas redes varejistas que instituem a rastreabilidade dos alimentos e também o selo de certificação de origem. Assim, inevitavelmente, essa situação demanda do produtor rural, novas estratégias e técnicas para atender às novas necessidades e exigências do mercado.

Por isso, a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM) recomenda ao produtor, a adoção das chamadas Boas Práticas Agrícolas (BPA’s), que são práticas utilizadas para garantir a segurança dos produtos gerados, minimizando os impactos negativos ao meio ambiente e na saúde dos trabalhadores rurais. Confira abaixo as principais BPA’s utilizadas no processo produtivo:

– Assegurar a qualidade da água utilizada na irrigação, aplicação de agrotóxicos e agroquímicos, evitando a contaminação microbiológica e química;

– Realizar rotação de culturas permitindo melhor manejo de plantas daninhas, pragas e doenças, melhorando também a fertilidade do solo e dessa forma evitando as aplicações seguidas de agrotóxicos;

– Utilizar somente agrotóxicos devidamente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), observando as dosagens recomendadas e os períodos de carência. Utilização de equipamentos de proteção individual e de tecnologia apropriada para a aplicação;

– Utilização adequada de fertilizantes orgânicos e químicos, minimizando os riscos de contaminação microbiológica e química;

– Adoção da técnica de enxertia, através de porta enxertos com resistências a pragas e doenças, diminuindo o uso de agrotóxicos e perdas na produção;

– Utilização de cultivares com resistências a pragas e doenças, proporcionando a diminuição do uso de agrotóxicos;

– Utilização de sementes legais, importadas e/ou produzidas de acordo com as normas e padrões estabelecidos pelo MAPA;

– Adoção do Manejo Integrado de Praga (MIP): sistema que associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utilizando todas as técnicas apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico.

– Saúde e higiene dos trabalhadores rurais e instalações sanitárias adequadas a fim de evitar contaminação das hortaliças.


Das sementes às mudas, para o consumidor final

Carlos Shogi Kishimoto, diretor de sementes da ABCSEM explica que “a contribuição e os benefícios dessas práticas para a qualidade do principal insumo agrícola, que é a semente, está no processo de produção, uma vez que as aplicações destas contribuem para a melhoria da qualidade fisiológica e fitossanitária da semente produzida”.

Quanto às mudas de hortaliças, essas práticas também são indispensáveis para uma produção segura e de qualidade. Joaquim do Amaral Mesquista, diretor de Mudas da ABCSEM, explica que para garantir isso, alguns dos procedimentos são: a utilização de recipientes lavados e desinfetados; substrato livre de pragas e doenças; sementes de origem segura; manejo de irrigação e fertirrigação de acordo com o tamanho do recipiente e espécie de planta; canteiros suspensos e livres de plantas invasoras em ambiente protegido e manejo integrado de pragas e doenças (MIP).

De acordo com Kishimoto, de modo especial, o MIP é muito relevante para a conquista de bons resultados, “pois possui como ferramentas: o monitoramento da população de insetos, pragas e doenças; o controle biológico de pragas com o intuito de favorecer o aparecimento de inimigos naturais e utilização de controle químico somente quando o ataque à lavoura atinge o nível de dano econômico. Para um inseto ser chamado de praga é necessário que haja prejuízo para a lavoura”. 

Com relação ao controle biológico de mudas de hortaliças, Joaquim Mesquita acredita que os resultados são bastante positivos. “Eu diria que este tipo de controle está progredindo muito e se tornando imprescindível. Progresso no lançamento de novos produtos a base de ácaros, fungos, bactérias e armadilhas com feromônios. Imprescindível no sentido de reduzir o uso de agroquímicos e melhorar o controle das pragas e doenças, a segurança alimentar e reduzir a exposição do trabalhador rural”, argumenta.


Sustentabilidade e Segurança Alimentar

“As Boas Práticas Agrícolas contribuem para a manutenção do meio ambiente na medida em que há uso adequado dos vários insumos agrícolas de boa qualidade, acarretando em menor impacto ambiental e resultando em uma agricultura cada vez mais sustentável”, aponta Luis Eduardo Rodrigues, presidente da ABCSEM.  Já no que se refere à segurança alimentar, a contribuição é também fundamental, pois “tais práticas agrícolas têm como objetivo prevenir a ocorrência de riscos de contaminação microbiológica e química das hortaliças produzidas. E com isso, o consumidor final é extremamente beneficiado”, complementa.

Considerando a importância e a constante demanda de atualização sobre o assunto por parte do setor, a ABCSEM promoverá a 2ª edição do Curso de Controle de Doenças e Pragas em Cultivo Protegido, em parceria com o Instituto Biológico, no segundo semestre deste ano, em data a ser confirmada.  
 

*Artigo publicado na edição de Maio/Junho de 2010 da Revista Plasticultura

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