Como resultado do 3º Simpósio Internacional de Climatologia (SIC), realizado em Canela (RS) entre os últimos dias 18 e 21, a Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBmet) divulgou uma carta que aponta os desafios do Brasil frente às mudanças climáticas.
Sob o tema central Mudanças de Clima e Extremos e Avaliação de Riscos Futuros, Planejamento e Desenvolvimento Sustentável, o evento avaliou fenômenos climáticos extremos em várias escalas de tempo, incluindo a detecção e atribuição das suas causas, assim como suas dimensões humanas.
Setores menos favorecidos
Além disso, os especialistas discutiram o papel dos governos nos aspectos de adaptação da sociedade a estes extremos e o papel das empresas nas discussões sobre mitigação de impactos.
Segundo o documento da SBmet, os resultados dos trabalhos apresentados mostram que o Brasil é vulnerável aos eventos climáticos extremos e, mais ainda, às mudanças climáticas que se projetam para o futuro, afetando principalmente os setores menos favorecidos da sociedade.
Dependência dos recursos naturais
Os especialistas destacam que a economia nacional é fortemente baseada em recursos naturais diretamente dependentes do clima. “Nossas fontes de energias, agricultura e biodiversidade são potencialmente vulneráveis. O desenvolvimento sustentável do País depende da capacidade de adaptação às mudanças climáticas em todos os setores, além da redução do risco futuro por meio da diminuição das emissões de gases do efeito estufa”, diz o documento.
As secas e enchentes dos últimos anos comprovam a vulnerabilidade e indicam a necessidade de estudos de impactos e análises em escala municipal, para estabelecer medidas de adaptação.
Extremos
As projeções de cenários climáticos sugerem que as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas são o Sul, Nordeste e Norte, por serem as mais afetadas pelo aumento na frequência e intensidade de extremos, embora os impactos possam ocorrer em todo o País. Mudanças no uso da terra podem agravar a vulnerabilidade da população em determinados locais.
O documento ainda alerta sobre a necessidade de maior interação entre as comunidades científicas, Defesa Civil e tomadores de decisões dos governos local, estadual e federal, bem como conscientização da população e dos governantes sobre o tema mudanças climáticas, com vistas a sua incorporação na formulação de políticas públicas.
“A combinação entre mudanças climáticas acentuadas e pobreza resulta na maior vulnerabilidade da população e pressão sobre os ecossistemas. Neste contexto, as regiões Norte e Nordeste, com mais baixa capacidade de adaptação em razão do menor grau de desenvolvimento, são as mais impactadas pelos extremos climáticos,” conclui o documento.
Fonte: Site Inovação Tecnológica