Congresso em Cuba discutiu tecnologias para combater a disseminação de doenças de citros
O Brasil, maior produtor mundial de citros, se destacou como exemplo de segurança e tecnologia em produção de mudas cítricas por especialistas, pesquisadores e viveiristas de 10 países. Eles participaram do Workshop Regional de Manejo de Viveiros de Cítros, realizado em Cuba, entre os dias 15 e 19 de fevereiro.
O parque citrícola brasileiro é pioneiro na produção de mudas em sistema protegido com estufas teladas e foi citado como referência mundial por seguir rígidos padrões de higiene e defesa de doenças. No evento, César Graf, um dos mais conceituados viveiristas do país, representou o Brasil e fez duas apresentações, mostrando as vantagens dos viveiros telados.
Os especialistas defenderam a obrigatoriedade de programas de certificação e a importância de elevar a tecnologia de produção do material de propagação (sementes, borbulhas e mudas). Durante o evento, também foi pauta a necessidade da construção de Bancos de Germoplasma em ambientes protegidos, para copas e porta-enxertos,
O workshop foi uma das ações para melhorar o desempenho econômico da citricultura da região, que apresentou queda na produção citrícola após a infestação do greening. Graf explica que muitos países da América do Sul, Central e Caribe ainda não desenvolveram um programa de certificação para a produção de mudas cítricas. “Se somarmos as áreas produtoras de citros destes países, com exceção do México e Brasil, resultaria em uma extensão correspondente a da Flórida. É uma área de muita importância para a citricultura, mas a toda produção ainda é feita a céu aberto, o que deixa a muda exposta à contaminação do greening”, afirma.
Vulnerabilidade
Os produtores do México, importante país para a citricultura, com 526 mil hectares de citros, já detectaram greening na costa do pacífico e em Yucatan, no Golfo do México. O país iniciou a construção de viveiros protegidos em 2009, porém a medida não é obrigatória.
Os outros países do Caribe que ainda não possuem um programa de certificação para a produção de mudas em ambiente protegido, procuram exemplos na citricultura de países como o Brasil e Estados Unidos, para encontrar uma forma de garantir a produção de mudas com certificado genético e fitossanitário, o que é de importância estratégica na cadeia produtiva da cultura.
Modelo brasileiro
A produção de mudas em viveiros telados se tornou lei no estado de São Paulo em 2003, como uma forma de proteger os viveiros da Clorose Variegada do Citros, conhecida como CVC. A medida provocou resultados imediatos no controle da doença, além de diminuir a incidência de Phytophthora, causador da gomose, e de pragas do solo.
Com os viveiros telados, o setor já estava adaptado para uma das medidas de prevenção da doença que é a utilização de mudas sadias, quando o greening chegou ao Brasil em 2004. O estado de São Paulo é o maior produtor de mudas do Brasil e um dos maiores do mundo, com 481viveiros protegidos, que são responsáveis pela produção de mais de 21 milhões de mudas por ano.
César Graf
Graf é um dos maiores viveiristas do país com unidades nos municípios de Conchal, Rio Claro e Ipeúna. Foi pioneiro a formar viveiros telados em 1997. Ele é diretor-presidente da Citrograf, empresa com mais de 40 anos que produz mais de 1,2 milhão de mudas por ano.
Ele foi presidente fundador da Organização Paulista de Viveiros de Citros (Vivecitrus), entidade que reúne viveiristas para o estudo e defesa da produção de mudas cítricas.
Fonte: Grupo Cultivar / Com Texto Comunicação Corporativa