Poucas chuvas, queda na safra e menos atravessadores fazem circulação cair na central de abastecimento
Por Gustavo de Negreiros
Um ano ruim para o comércio dos hortifrutis. O balanço dos volumes e valores comercializados na Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE), na cidade de Maracanaú, até novembro deste ano mostra cenário de queda tanto na quantidade da produção, como nos valores movimentados. Até o fim do mês passado, foram negociados na Ceasa 406.104 toneladas, que, em comparação ao mesmo período de 2009, representou queda de 2,6%. Já em termos de valores, a movimentação de mercadorias resultou em cerca de 20,5 milhões a menos que o ano passado.
Com o ano perto do fim, os valores negociados na central chegaram a R$ 535,5 milhões, 3,6% menor que os R$ 556 milhões negociados no mesmo período do ano passado.
No primeiro semestre de 2010, os meses de pior desempenho foram fevereiro e abril, com respectivamente, 32,7 e 32,8 mil toneladas movimentadas. Já no segundo semestre, o mês de novembro foi o pior, com 35,1 mil toneladas.
Já os meses de melhor desempenho em 2010, foram julho, agosto e setembro, os três com média de 39 mil toneladas comercializadas.
Poucas chuvas
De acordo com Antonio Odálio Girão, chefe da divisão de informação de mercado, da Ceasa-CE, as chuvas abaixo da média no território cearense e em outras regiões do Nordeste foram as principais causas do decréscimo nos valores e volumes movimentados. “Esse ano o fator climático nas cidades nordestinas pesou muito na queda das produções agrícolas”, explica Odálio Girão.
Segundo o analista de mercado, no início de 2010, a previsão da Ceasa-CE era um crescimento de 5 a 6% na movimentação de mercadorias. Mas as expectativas definitivamente nãos e cumpriram. De acordo com dados do Ceasa-CE, cerca de 82,5% do que é comercializado no entreposto tem origem no Nordeste, onde a ausência de chuvas na região semiárida foi marcante em 2010.
Menos atravessadores
Apesar do peso, o fator climático não é a única explicação para o ano abaixo da média na Ceasa. Segundo Girão, outra variável tem feito a produção ter caminho desviado da central de abastecimento. Para ele, alguns produtores tem conseguido chegar ao consumidor, sem a necessidade de atravessadores. “O produtor está conseguindo negociar seus produtos nos mercados consumidores. Em algumas cidades do interior, o mercado interno é forte ao ponto desses produtores ficarem por lá mesmo. A cidade de Sobral é um exemplo, explica o analista.
Banana em alta
Produto de maior comercialização na central de distribuição, a banana tem produção superior à registrada ano passado. No acumulado até outubro, foram negociadas 37,9 toneladas na Ceasa. Em comparação ao mesmo período de 2009, que teve 33,5 toneladas movimentadas, o crescimento foi de 13%.
COM O NATAL
Venda de frutas secas cresce até 400%
No período que antecede as festas de Natal, cresce a demanda por frutas secas e cristalizadas no Ceará
Presença obrigatória em cestas de natal, as frutas secas também são negociadas no Ceasa-CE. Damascos, tâmaras, nozes, figos, pêssegos, abacaxis, uvas, bananas, ameixas entre outros produtos procedem de toda parte do mundo, desde países latinos, como Argentina, Chile, passando por europeus, como Turquia, até os asiáticos.
Eles são importados e estocados por empresas em São Paulo. De lá, são transportados via terrestre para a Região Metropolitana de Fortaleza.
Crescimento
De acordo com Neto Pegado, vendedor do Grupo Perboni Brasil (empresa que comercializa os produtos no Ceará), em novembro e dezembro as vendas das frutas secas crescem na ordem de 300% a 400%. “É nesse período do ano que se aquece a venda desse tipo de produto aqui na Ceasa. A grande pedida são as nozes sem casca, damasco e pistache, que são bastante procuradas”, conta.
Destino
Segundo Pegado, as frutas são comercializadas com as grandes redes de supermercados, que repassam o produto ao consumidor com variação alta de preços. “Nossos produtos podem ser encontrados nos grandes supermercados e delicatessens em geral”, conta.
O chefe da divisão de informação de mercado do Ceasa-CE, Antonio Odálio Girão, também destaca a comercialização desses produtos nos dois últimos meses do ano, quando aumenta a demanda pelas frutas secas, que podem ser utilizadas em muitas receitas de pratos típicos natalinos.
“Esse ano, o já contabilizamos uma movimentação 20% maior desses produtos do que em 2009. Nesse período do ano a movimentação é muito grande de caminhões que realizam entregas aqui na Ceasa de Maracanaú”, explica Girão.
Fonte: Diário do Nordeste