Cidade também tem uma Ceasa

07/02 
KARINA MATIAS

Enquanto a grande maioria dos mogianos dorme, mais de 500 produtores rurais, comerciantes e feirantes da Cidade, da Região e até de outros estados já estão de pé no Mercado Municipal do Produtor, no Mogilar, negociando frutas, verduras e legumes fresquinhos. O movimento no ponto comercial de 44 mil metros quadrados (sendo 5 mil metros quadrados de área construída) começa às 4 horas da manhã e permanece aquecido até 11 horas, quando os agricultores voltam para as lavouras a fim de cuidar da plantação. O expediente no Mercado, contudo, segue até as 18 horas, comandado pelos atravessadores e boxistas.

Estimativa feita pela Secretaria Municipal de Agricultura a pedido de O Diário aponta que, em média, 1,3 mil toneladas de produtos agrícolas são comercializados no espaço por semana, totalizando mais de 5 mil toneladas por mês.

O Mercado funciona para o atacado de segunda a sexta-feira, das 4 horas às 18 horas, e também aos sábados, por um período bem mais curto, entre 6 horas e 9 horas. O espaço é então fechado para limpeza, já que no domingo abre ao público no Varejão. (Leia mais nesta página). A quinta-feira é o dia mais movimentado da semana. É quando comerciantes do Litoral e de outras regiões adquirem os produtos para comercializar no final de semana. Só no dia, em torno de 500 caminhões circulam pelo ponto comercial.

Atualmente, há 119 permissionários que atuam no local, sendo que 97 são comprovadamente produtores rurais. Para entrar no negócio, eles participam de processo licitatório e a licença é concedida por tempo indeterminado. Na área coberta, o preço pelo metro quadrado é de R$ 25,00 por mês. O tamanho mínimo no pátio é de 4 metros quadrados, totalizando R$ 100,00. Mas a Prefeitura concede desconto de 50% aos agricultores que pagam até o quinto dia útil do mês. Por conta disso, a encarregada de setor Sueli Sakai, uma das responsáveis pela administração do Mercado, comenta que não há inadimplência no ponto comercial.

Ela revela que a maioria dos agricultores é de Mogi das Cruzes, Salesópolis e Biritiba Mirim, mas há também produtores de outras cidades de São Paulo e até de Minas Gerais.

Para o pequeno agricultor, o Mercado do Produtor traz a oportunidade da negociação direta com o comprador, que em geral, são feirantes, quitandeiros e supermercados. É o que destaca o produtor de hortaliças em Biritiba Mirim, Sérgio Tanaka, de 43 anos, que trabalha há oito anos no Mercado. “A gente consegue vender a mercadoria sem intermediários. A situação aqui melhorou bastante com os anos, mas podia ser melhor, se os produtores fossem mais unidos e tivéssemos mais incentivos”, pontuou.

Produtora de chuchu na cidade de Tuiuti (SP), a 120 quilômetros da Capital, Yuri Karaki atua no Mercado mogiano há três anos e está satisfeita com o negócio. Tanto que ela está ampliando a sua atuação no local. A produtora vem duas vezes por semana ao ponto comercial mogiano e comercializa 5 mil quilos (5 toneladas) de mercadoria por dia. “No começo é um pouco difícil, mas depois conquistamos uma clientela boa”, observa.

Além dos permissionários, o Mercado conta ainda com 35 produtores que recebem autorização para vender suas mercadorias no espaço por um tempo determinado, que varia de um a quatro meses.

Da cidade de Bom Repouso, em Minas, Reginaldo e André Pereira estão há um mês comercializando morango no ponto comercial mogiano e pretendem se estabelecer no espaço, apesar das quase quatro horas de viagem que separam os dois locais. “Nós gostamos do movimento daqui, principalmente em vista de outros mercados menores que existem por aí. E gostei também dos fiscais daqui, que não enchem muito o nosso saco”, pontua André.

Além de pequenos comerciantes, o Mercado concentra também empresários de maior porte, a exemplo do boxista da MJR Frutas, comandado pelo mogiano José Dilceu da Silva Junior. Ele compra frutas dos produtores, faz toda a limpeza da mercadoria e depois revende para supermercados de Mogi, Região e do Vale do Paraíba e Litoral. “Hoje a nossa empresa está sólida. Foi através daqui que comprei dois boxes no Ceasa (Central de Abastecimento do Brasil), em São Paulo”, comenta. Como Mogi e a Região não são grandes produtoras de frutas – a exceção da nêspera e do caqui – Junior adquiri os produtos de outras cidades e até de outros países, como Chile e Argentina. Só a MJR Frutas é responsável pela comercialização de 360 mil quilos de mercadoria (360 toneladas) por semana no Mercado do Produtor mogiano. A empresa emprega 40 funcionários diretos e possui 14 caminhões e duas Kombis para a realização do transporte dos produtos. O carro chefe do box é a laranja. Em seguida vem a fruta da época, que no momento é a manga tommy. Segundo Junior, atualmente, os preços praticados no mercado mogiano são semelhantes ao do Ceasa em São Paulo e, por isso, não vale mais a pena ir até a Capital para adquirir produtos.

Os compradores têm visão semelhante. Otávio Shoiti, proprietário da Quitanda Três Marias, na Vila Ré, Zona Leste de São Paulo, compra legumes e folhagens três vezes por semana no Mercado de Mogi e avalia que os preços variam na comparação com São Paulo, sendo às vezes mais altos e, em outras oportunidades, mais em conta. “Mas o produto é melhor aqui, mais fresco. E também já fiz uma boa amizade aqui”, explica.

Variedade e produtos fresquinhos são os principais atrativos do ponto comercial. “Compensa comprar aqui, porque eu encontro variedade e o produto vem diretamente do produtor”, finaliza o feirante na Zona Leste de São Paulo, Sérgio Nobuyuki.

 

Fonte: O Diário de Mogi