Preços de produtos como o pepino disparam na Ceasa-RS, e já têm reflexo no bolso do consumidorPrimeiro a chuva da primavera, depois a umidade em excesso no início do verão e, em seguida, o calorão. As hortaliças, produtos sensíveis, não aguentaram. A consequência é o aumento dos preços, e os consumidores já sentem a diferença.
Uma das principais vítimas é o pepino. Nesta primeira quinzena do mês, o campeão de disparada de preços, teve um salto de 156,41%. Somente na última semana, a alta foi de 49,25%. Alguns produtos estão raros no mercado, como o chuchu, que teve a floração prejudicada pela chuva. Em outros Estados, a situação é parecida, e o resultado é a pouca oferta para atender à demanda do Sul e do Sudeste.
Claiton Colvelo, técnico da Ceasa-RS, entreposto comercial entre produtores e varejistas, explica que chega um momento em que os valores se estabilizam, mas os vegetais se tornam escassos:
– Por causa do clima, houve uma diminuição da oferta no Estado. A Região Sudeste, nossa tradicional abastecedora em períodos de crise climática, passou por problemas semelhantes. Com a volta às aulas, a demanda tende a aumentar e pode ser mais difícil encontrar certos alimentos.
Os prejuízos provocados pelo clima vieram em sequência. A chuva e as enchentes “afogaram” as plantas e, em algumas regiões produtoras, levaram o solo fértil embora. Depois, os dias nublados, úmidos e abafados favoreceram o surgimento de fungos e outras doenças que prejudicaram o desenvolvimento dos vegetais. Nas últimas semanas, o sol e as temperaturas de 40ºC, literalmente torraram boa parte do que sobrou. Os tubérculos, como cenoura, nabo e beterraba apodreceram sob o solo, e as folhas queimaram.
– As hortaliças são sensíveis, a temperatura ideal é até 26ºC. Para legumes e folhas, calculamos um dano médio entre 50% e 60%, mas alguns produtores perderam 100%. Do produtor para o varejista, o preço dos legumes subiu entre 40% e 50%, e o das verduras aumentou até 80%. Com as frutas não foi tanto, pois elas suportam melhor o calor – explica Ailton Machado, presidente da Associação dos Produtores da Ceasa-RS.
Nos supermercados, os consumidores já sentem no bolso a evolução. Alguns vegetais já estão custando o dobro, segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas). Determinados estabelecimentos, no entanto, compram direto do produtor, e apresentam uma alta menos acentuada. Outro aspecto observado pelos comerciantes é que a qualidade e a aparência dos vegetais foram afetadas pelo clima.
– Assim que a temperatura se normalizar, os preços baixam – adianta Fernando Schmidt, diretor executivo da Agas.
É inevitável que os consumidores tenham de desembolsar mais para manter uma alimentação saudável, mas o clima não pode servir de desculpa para um aumento abusivo nos preços, alertam entidades de defesa do consumidor. E a comparação entre vários pontos de venda pode ser importante para avaliar qual é o valor justo. No entanto, o Instituto de Defesa do Consumidor lembra que é preciso analisar o custo e o benefício de se deslocar até o local que tem produtos mais baratos.
Para Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste, a alternativa do consumidor para economizar sem tirar nutrientes do prato é a substituição por outros vegetais da estação que estejam mais em conta ou que tenham maior rendimento, sempre cuidando a qualidade.
Fonte: Jornal Zero Hora