Será que botar os vegetais no freezer preserva melhor as vitaminas?
Por Francine Lima
Quem enche a gaveta da geladeira de verduras, legumes e frutas deve acreditar que está garantindo para si mesmo uma dieta rica em vitaminas e sais minerais. Pode até ser, mas isso nem sempre é verdade. Segundo um estudo encomendado por uma empresa estadunidense de alimentos vegetais congelados, a Birds Eye, verduras e legumes vindos do freezer podem ser mais mais nutritivos do que os frescos.
É claro que não se trata de qualquer fresco nem de qualquer congelado. Fresco, aqui, é meramente o alimento in natura, não necessariamente recém-colhido. O estudo mostrou que há alimentos que chegam à casa do consumidor duas semanas depois da colheita. Durante esse tempo, no caminho entre as plantações, as estradas e a distribuição, há uma perda significativa de vitaminas. Constatou-se que, em 16 dias, a vagem perde 45% de seus nutrientes; o brócolis e a couve-flor perdem 25%; a cenoura e as ervilhas perdem 10%. Dependendo do tempo que esses alimentos permanecem na geladeira doméstica aguardando a hora do preparo, essa perda pode ser ainda maior. Assim, a gaveta do refrigerador pode acabar ficando cheia de matéria orgânica inútil.
A conclusão do estudo (lembrando: patrocinado por uma empresa de alimentos congelados) é que congelar os vegetais pouco tempo depois de colhidos, portanto muito antes de chegarem à geladeira do consumidor, é uma forma de preservar a maior parte dos nutrientes.
É bom ressaltar que o congelamento não torna os nutrientes eternos. Outros estudos já avaliaram a perda de nutrientes em alimentos congelados, e foi constatado que as perdas dependem de como os alimentos foram processados antes do congelamento. Segundo dados compilados pelo médico nutrólogo Eric Slywitch, o suco de acerola extraído e engarrafado (não congelado) perde entre 20% e 30% do seu teor de vitamina C após 4 meses. Já “a fruta transformada em polpa e congelada diretamente (sem processamento térmico) perde 43% do seu teor de vitamina C quando a temperatura de congelamento é de 12oC negativos.” Se a temperatura de congelamento dessa acerola é de 18oC negativos, a perda é menor: 19%.
Segundo Slywitch, a perda de nutrientes em ervilhas, brócolis e couve-flor congelados também foi observada em estudos anteriores. Na comparação com hortaliças frescas, o teor de vitamina C era menor nas congeladas, especialmente depois de cozidas.
Tudo leva a crer que o melhor a fazer para obter o máximo de vitaminas dos vegetais é consumi-los o menor tempo possível depois de colhidos. Antes de trocar a seção de alimentos frescos do supermercado pela ala dos freezers, procure se informar sobre a origem das hortaliças e frutas que você costuma comprar. Se foram plantados a muitos quilômetros da sua casa, é bastante provável que tenham levado alguns dias para chegar até ali e que, no meio da viagem, tenham perdido boa parte do que tinham de bom.
Segundo a nutricionista Daniela Jobst, a melhor forma de comprar alimentos verdadeiramente frescos é procurar um produtor na sua região. Segundo ela, os pequenos produtores orgânicos são uma boa opção porque avisam aos clientes, normalmente por telefone, quais vegetais acabaram de ser colhidos.
Se comprar direto do produtor não for uma opção viável, uma boa alternativa ainda é visitar a feira mais próxima da sua casa e pesquisar quais são os itens mais jovens. E, claro, não adianta nada encher o carrinho e esquecer tudo dentro da geladeira. Quanto mais cedo preparar e comer os alimentos, mais nutritiva será sua refeição.
Fonte: Revista Época