Cultivo de flor injeta R$ 500 mil por mês na economia baiana

VITÓRIA DA CONQUISTA – A qualidade das flores de Vitória da Conquista, no centro-sul da Bahia, já se equipara à das produzidas em São Paulo, tendo uma boa aceitação no mercado, inclusive em termos de competição de preços. A produção mensal de rosas, considerando a cooperativa e os produtores independentes, gira em torno de 50 a 60 mil dúzias, o que significa um volume de recursos da ordem de R$ 500 mil a R$ 600 mil por mês que entram na economia local.

Conquista tem ainda o maior produtor individual da Bahia da espécie Palma de Santa Rita. O produtor José de Santana de Menezes chega a tirar por dia 500 dúzias — na localidade de Lagoa das Flores — que são vendidas no mercado ao preço de R$ 12,00 a dúzia, alcançando uma cotação bem superior ao produto oriundo de São Paulo. No geral, o preço da dúzia de rosas no Estado está em torno de R$ 8,00.

O agrônomo e professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) Armínio Santos, que presta assessoria nessa área, garante que já existe elevado grau de profissionalismo entre os produtores em Conquista, que conseguem qualidade até superior à das flores de São Paulo. Essa qualidade, segundo ele, não se restringe apenas aos agricultores individuais, mas também ao cultivo da Cooperativa de Jovens Produtores de Flores — Floralcoop, que conta hoje com 12 filiados.

A Floralcoop, que há três anos tem o apoio do Sebrae Bahia na área de gerenciamento de mercado e capacitação dos produtores, é um projeto de iniciativa da Prefeitura Municipal que há cinco anos dava uma ajuda de custo mensal de R$ 30,00 para cada jovem. A produção começou com 12 dúzias por mês, atingindo oito mil dúzias em 2008. No ano passado as chuvas não ajudaram, mas para este ano de 2010 a meta é produzir entre 10 e 15 mil dúzias.

A renda de cada filiado, que começou do zero, já chegou a R$1.000,00 por mês, mas caiu um pouco no ano passado para cerca de R$700,00 a R$800,00. Em 2008, por exemplo, de acordo com o professor da Uesb, a renda do projeto foi de R$ 110 mil, devendo experimentar um salto este ano.

O gestor do Projeto de Flores do Sebrae/BA, Jorge Brito, também confirma que Conquista já está produzindo rosas de boa qualidade. Darlete Oliveira é uma das filiadas da Floralcoop e espera aumentar sua renda este ano através do crescimento da produção. No ano passado, segundo ela, as chuvas foram escassas, o que reduziu a produtividade.

Dentro do Projeto Flores da Bahia, com acompanhamento administrativo do Sebrae/BA, Barra do Choça também montou sua cooperativa com 11 associados que estão procurando desenvolver uma produção de rosas com qualidade.

O município de Maracás é hoje o maior pólo produtor de rosas da região, com cerca de 230 famílias cooperadas, que no ano passado faturaram mais de R$ 1 milhão, contra R$ 22 mil em 2000, quando começou o cultivo.

Outro pólo baiano é a Chapada Diamantina (Bonito, Morro do Chapéu, Seabra e Mucugê), se bem que ele ainda não tem uma qualidade uniforme como em Conquista, conforme atesta o gestor Jorge Brito. Por isso, a maior dificuldade ainda é o acesso ao mercado. Em Bonito, no entanto, a maior produção é de crisântemos, que têm mercado o ano todo.

A produção de Conquista já é toda comercializada no município, no sul da Bahia e em Salvador, mas de 60% a 70% do mercado local ainda é abastecido por São Paulo e Minas Gerais, especialmente com as espécies gérberas. Na Bahia, 90% das rosas ainda são exportadas, o que significa, segundo Armínio Santos, que o Estado tem um mercado potencial para ser conquistado pelos floricultores.

A maior parte das flores de Conquista é cultivada no povoado de Lagoa das Flores, entre cinco a seis agricultores individuais que dominam a produção de folhagens, Palma de Santa Rita e Áster, entre outras variedades de rosas.

A modalidade de plantio mais usada é a céu aberto, mas existem produtores que usam estufas. Cada hectare, bem tratado e adubado, chega a produzir até 70 mil pés de rosas a um custo de R$ 25 mil a céu aberto. No caso de estufas, onde as flores ficam protegidas das intempéries climáticas, esse investimento é mais que o dobro.

O professor da Uesb recomenda que o iniciante em floricultura flores comece seu projeto com apenas 10 mil pés de rosas, menos que um hectare, no sistema de céu aberto para depois ampliar seu cultivo. Em termos de mão-de-obra, cada hectare chega a empregar 15 a 20 pessoas. Por fim, afirmou que as rosas, sendo de boa qualidade encontram mercado fácil com preços sempre estáveis.

Fonte: Agência Sebrae / DCI – Diário do Comércio & Indústria