Por João Henrique Bosco | Biritiba Mirim (SP)
O excesso de chuvas afeta a produção de hortaliças na região conhecida como Cinturão Verde, em São Paulo. Os resultados são prejuízos para o produtor e preços mais altos para o consumidor.
Há 30 dias, a mesma má notícia: chuva acima da média. Só em dezembro, choveu 35% a mais que a média para o mês. O produtor rural Hiroshi Shintate, atento aos números, garante: foi o pior dezembro dos últimos dez anos. O morador de Biritiba Mirim já perdeu 25% da lavoura e teve prejuízos de R$ 15 mil.
– Nós, como produtores, somos obrigados a gastar muito com defensivos e aplicações para tentar recuperar o vigor da planta. Os custos aumentam bastante – explica Shintate.
O chamado Cinturão Verde é responsável por mais de 50% do abastecimento de hortaliças da cidade de São Paulo. Assim como Hiroshi, outros produtores da região tiveram a produção reduzida pela chuva. Jorge Kanomata é um deles e já perdeu 20%.
– Acredito que seja difícil recuperar porque o verão demora três meses – diz Kanomata.
Diminui a qualidade e o tamanho da alface. Na embalagem, no lugar de uma, há espaço para duas pelo mesmo preço, o que significam mais perdas.
O prejuízo não fica a apenas com o produtor. O consumidor também está sendo afetado. Com a diminuição da oferta, o preço médio das folhosas está 20% mais caro.
Deve continuar a chover forte na região. Segundo a meteorologia, desde o dia primeiro, já choveu a metade da média para o mês. Até o dia 14, deve chover quase todo o previsto. Com isso, o preço das hortaliças pode aumentar em até 50%.
– O consumidor vai ter que ter um pouco de paciência, a qualidade cai um pouco, mas vai ter que consumir porque é necessário. Dentro da sua disponibilidade, ele poderia consumir para ajudar o produtor a se recuperar – afirma Kanomata.
Uma alternativa para o agricultor seria proteger a plantação com estufas, coberturas e telas. Para o consumidor, a orientação é diversificar.
– Tem que estar pesquisando. De repente, consumir hortaliças menos suscetíveis a questões climáticas. Pior exemplo, repolho. Já alface e agrião são mais sensíveis a questões climáticas. Tem que procurar e diversificar – aconselha o engenheiro agrônomo Julio Nagase.
Fonte: Canal Rural