Experimentos demonstram economia e produtividade no plantio direto da beterraba e da cebola

A parceria entre a Fundação de Pesquisa e Difusão de Tecnologia Agrícola Luciano Ribeiro da Silva, Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e a Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé) começa a surtir resultados.

Principalmente no que diz respeito às técnicas do cultivo de hortaliças em sistema de plantio direto na palha e suas interações com a adubação em cebolas e beterrabas. Os pesquisadores envolvidos nos trabalhos também estudam o melhor espaçamento entre as plantas e uso de nutrientes. O resultado já é visível para quem visita o local – plantas saudáveis e viçosas com menor custo e responsabilidade social. As informações que estão sendo colhidas deverão ser publicadas em breve em revista especializada.

Segundo informações do secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Antônio Agostinho Ferreira, o acordo assinado entre as duas instituições em 2008 irá levar aos produtores rurais às tecnologias geradas a partir das pesquisas que estão sendo realizadas pelos técnicos da APTA em São José do Rio Pardo. A área de aproximadamente sete alqueires utilizada para os experimentos está localizada à margem direita da SP 350 para quem segue de São José do Rio Pardo sentido Itobi, próximo à fazenda Santa Lúcia.

A Fundação de Pesquisa foi criada em 1996, com apoio da Prefeitura de São José do Rio Pardo, e reúne entidades representativas do setor agropecuário, como sindicatos, cooperativas, associações e ONG’s que atendem produtores do município e região.

O pólo da APTA, com sede em Mococa, também participa da constituição da Fundação e, atualmente, é responsável pela articulação dos trabalhos de pesquisa na região das demais unidades, bem como pelo apoio logístico à Fundação rio-pardense. Além do pólo, a Fundação conta com uma estação meteorológica automática, coordenada pelo Instituto Agronômico (IAC – APTA) e financiada pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO).

Segundo o pesquisador da Agência Paulista, Thiago Factor, uma das preocupações dos produtores de Rio Pardo e região é com a provável falta de água para a irrigação da lavoura, principalmente em função do manejo incorreto e do seu uso indiscriminado. “Por esta maneira, o cultivo de hortaliças, como beterrabas e cebolas, em sistema de plantio direto na palha está sendo estudado e testado como alternativa para diminuir o processo erosivo das terras da região”.

De acordo Factor, além dos trabalhos de pesquisa, estão previstas visitas com a presença de produtores do município e da região, onde poderão constatar os resultados das pesquisas e atividades que estão sendo realizadas na Fundação.

“Logo que assinamos o convênio nos foi colocado que o plantio da beterraba e da cebola, somados ao uso intensivo do solo, em relevo acidentado, como é no município, vinha causando erosão, prejudicando o meio ambiente, empobrecendo a terra e assoreando nascentes de água. Por isso, a partir das observações que estamos fazendo estamos propondo como desafio aos agricultores, a mudança de comportamento abandonando as técnicas de plantio convencionais para a do plantio direto com uso eficiente da terra e da quantidade de água”.

Como é utilizada a palha para proteção do solo, o plantio direto ajuda na conservação de material orgânico e controle biológico. “Baseado na rotação de cultura e na manutenção da cobertura do solo com resíduos vegetais, apresenta como vantagens a melhoria da estrutura do solo, aumento da infiltração e retenção de água, a redução das perdas de água por evaporação e escoamento superficial, a melhoria no controle de plantas invasoras, redução da erosão, do impacto da chuva e ainda o aumento da eficiência do uso de água pelas plantas”.

Irrigação

Outra pesquisadora à frente dos trabalhos na Fundação de Pesquisa é Jane Maria de Carvalho Silveira, responsável pela área de Irrigação. Ela conta que a economia com o plantio direto é no mínimo metade do plantio convencional. Disse que muitos dos agricultores já perceberam o benefício e já estão adotando a nova técnica, mas ainda não utilizam um importante equipamento que pode ajudar ainda mais na economia da produção que é o sensor para medir a umidade do solo.

“A palhagem espalhada sobre a terra ajuda a criar condições favoráveis para o bom desenvolvimento das plantações à medida que protege o solo de erosão e evaporação da água. Outra medida importante é a aquisição de sensores para medir a quantidade de água no solo, eles dão a quantidade exata, por metro quadrado, na plantação”.

Explicou que os sensores são colocados para medir três profundidades diferentes: 15 cm, 30 cm e 50 cm. “Se faltar água nos primeiros 15 cm, é sinal que plantação está em estado crítico, no entanto, se houver água abaixo dos 50 cm está ocorrendo desperdício. Portanto, a utilização do sensor ajuda a economizar pelo menos 50% a menos de água. Ele também pode ser utilizado em plantações convencionais. São recomendados no mínimo quatro sensores por hectare“.

Em relação ao tipo de equipamento utilizado para irrigação, ela explicou que o pivô é um dos mais adequados para a região. Disse que ele possui condições de regulagem e exige pouca mão de obra, mas lembrou da importância da sua constante manutenção.

Produtores

Claudine Minussi, agricultor e membro da Fundação de Pesquisa, disse que adotou o plantio direto há mais de cinco anos e está satisfeito com os resultados. “Houve redução da área de plantio e do número de mão de obra, sem houvesse perda na qualidade e quantidade da produção, o próximo passo será a utilização da palhagem para proteção do solo”.

O tesoureiro da Fundação, Robinson Zanetti Paulino, vem acompanhando de perto toda evolução das pesquisas que estão sendo realizadas no local e acredita que o melhor caminho, em termos de manutenção da qualidade do solo e economia, é adotar a técnica do plantio direto. “Os resultados dos técnicos começam a ficarem visíveis para nós, plantas saudáveis, solo fértil e economia no uso da água”.

Além dos experimentos com as duas hortaliças, a Fundação de Pesquisa e Difusão de Tecnologia “Luciano Ribeiro da Silva” também desenvolve pesquisas com outros produtos como é o caso do café, que também está com suas atividades bastante adiantadas.

Fonte: Portal Agrolink