Elas são belas, perfumadas e possuem o poder de trazer harmonia aos ambiente mais tristes. Alguns estudiosos vão além e defendem o poder de cura que elas têm, através da capacidade de atuar sobre o físico e a mente humana, proporcionando tranqulidade e bem-estar. Já os superticiosos declamam: elas espantam as vibrações negativas das residências porque são possuidoras de altas doses de vibrações energéticas. De fato, as flores têm todos esses poderes e, certamente, outros mais. O melhor disso é que algumas delas encontram no clima quente e úmido do Pará o lugar ideal para crescer e até se tornar num agronegócio rentável.
A diversidade das flores cultivadas no Estado, sobretudo na Região Metropolitana de Belém, é grande e a maioria é nativa de climas tropicais e subtropicais. Alpinias, xampus, bastões de imperador, helicônias e as exóticas orquídeas da Amazônia; além de flores ornamentais como as palmeiras, crótons, dracenas e espécies temperadas, a exemplo da crista de galo e tantas outras. A lista é enorme, o que demonstra um mercado com pontecialidade para ultrapassar as barreiras do Pará. Aos poucos, pequenos empresários e agricultores começam a perceber os pontos fortes do cultivo das flores. Grande parte deles está em municípios como Ananindeua, Benevides, Marituba, Santa Bárbara, Santa Izabel, Castanhal, Santo Antônio do Tauá e Salinópolis.
Segundo a Secretaria de Agricultura do Estado (Sagri), a produção anual dessa cultura agrícola gira em torno de 1,5 milhão de flores tropicais, subtropicais, ornamentais, folhagens e gramas. Atualmente, o orgão possui o registro de cerca de 150 produtores organizados em oito associações e uma cooperativa. O mercado paraense absorve cerca de 70% da produção de flores vendidas em supermercados, floriculturas e destinadas à decoração de eventos e ao uso em cestas de café da manhã, etc. Os 30% restantes são exportados para estados como São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal.
“O segmento que mais cresce é o das espécies envasadas, orquídeas e gramas. A expansão imobiliária, por exemplo, tem demandado a produção significativa das ornamentais para jardins”, revela a gerente de floricultura da Sagri, Dulcimar de Melo. Ela ressalta que, para incentivar a produção de flores no Pará, a Sagri há dez anos realiza o Flor Pará. O evento é o maior do setor na região Norte e vem incentivando a produção através da troca de experiências com floricultores do Brasil inteiro, da comercialização de espécies, rodada de negócios e transferências de tecnologias.
Clima favorece produção local
A floricultura movimenta no mundo mais de 50 bilhões de dólares. Para se ter uma ideia, as flores tropicais, muito cultivadas no Pará, representam apenas 5% desse bolo. Traduzindo: existe um grande espaço a ser ocupado por essa produção, que aliás tem tudo para encantar o mercado externo. Liste aí: são flores coloridas, com formas exóticas e duram muito tempo. Assim, essa é hora e a vez dos produtores paraenses estarem atentos às novas oportunidades.
O agrônomo, geneticista e paisagista Natalino Corrêa está no mercado de flores há 20 anos. Em sua propriedade, na Ilha de Mosqueiro, mantém a produção de flores tropicais, envasadas e ornamentais. Embora se restrinja ao mercado local, para onde fornece muitas flores tropicais de grande porte, utilizadas em decorações de festas, ele é bastante otimista quando o assunto é exportação. “O clima da Amazônia dispensa o uso de técnicas artificiais. O cultivo acontece a céu aberto mesmo. Estamos a caminho de ter uma exportação em larga escala. Para isso, falta apenas aumentar o volume da produção e padronizar o transporte das mudas, por exemplo”, diz.
Pequena agricultora e presidente da Associação Flores de Benevides, Doraci Miranda, começou vendendo flores e hortaliças no jardim de sua casa, em Benfica, em 1961. Entrou nesse ramo meio por acaso e viu nele uma forma de sustentar a família. Da modesta residência às grandes feiras e eventos de Belém, o negócio cresceu e hoje ela incentiva outros produtores a ingressar no ramo. “É um trabalho que dá retorno e pode ajudar muitas pessoas carentes, através da agricultura familiar”.
POR QUE SE ORGULHAR?
As flores cultivadas no Pará encontram aqui um clima quente e úmido, favorável ao crescimento de diversas espécies. Bonitas e exóticas, elas têm potencial para atrair a atenção de consumidores de outros estados e também do exterior. Em fase de expansão, o mercado floral do Pará vem tomando fôlego e, aos poucos, se tornando um meio de vida rentável para micro empresários e, principalmente, pequenos agricultores.
ALGUMAS FLORES CULTIVADAS NO PARÁ
HELICÔNIAS – Nasce o ano inteiro e possui folhagem de porte alto. Podem atingir até 2,5m de altura. Produz flores exóticas com cores que variam de amarela, vermelha ou combinadas entre si, adapta-se a qualquer clima, mas prefere calor e umidade. É originária da América do Sul.
BASTÃO DO IMPERADOR – De folhagem alta, produz lindos cachos de flores vermelhas. Possui características de clima similar às helicônias.
BASTÃO DE PRÍNCIPE – Similar ao bastão do imperador, porém, de porte baixo e flores cor de rosa.
MUSAS – Destacam-se as espécies Ensete ventricosum pela exuberância de suas folhas e Musa veluntina com as flores de cor rosa encarnado.
COSTUS – Vulgarmente conhecida como cana-de-macaco, tem destaque nos jardins de todo o Brasil as espécies Costus spicatus SW, hastes de 80 cm, flores amarelas e a Costus cobra, de hastes compridas com nós e entre-nós verdes, brancos e vermelhos.
SORVETE – Da família do Costus, destaca-se pela exuberância de suas flores globosas no ápice das hastes, tomando a forma de um sorvete. Dá um toque especial nos arranjos ornamentais junto às helicônias.
ANTÚRIO – Destaca-se pelas folhas verde-brilhantes. Entre as espécies nativas e cultivadas no Brasil encontram-se: A.belleum Schott; A. harrisii Don; A. radicans Koch; A. regale Linden; A. scandens Engl e A.scherzerianum Schott. Se desenvolvem abrigadas do sol e dos ventos.
ALPÍNIA – De porte médio, a alpínia é uma planta que combina muito bem com paisagens tropicais. Produz flores pequenas de coloração branca, rosa e vermelha, com hastes eretas. São espécies rústicas e ornamentais usadas como flores de corte.
ORQUÍDEAS DA AMAZÔNIA – São plantas epífitas, ou seja, vivem sobre as outras. São de grande valor ornamental, principalmente devido às suas flores vistosas. Estas compõem-se de três sépalas e três pétalas, sendo uma modificada e, normalmente a mais vistosa, denominada labelo. Ocorrem em todos os ecossistemas do Pará, mas é na floresta de igapó que aparecem com mais intensidade e diversidade.
CRISTA DE GALO – É uma planta anual de verão, de inflorescências muito macias, dobradas e brilhantes, com a textura do veludo. Diz-se ainda que tem o aspecto de cérebro. Além disso, possui cores variadas como amarela, vermelha, rosa, creme, roxa e branca. A folhagem é ereta, verde ou bronzeada, com folhas lanceoladas.
CRÓTON – Planta arbustiva de folhagem muito exuberante. O que mais chama a atenção nesta planta é o colorido de suas folhas, que se mostram mescladas de vermelho, roxo, rosa, branco, amarelo, verde ou laranja, nas mais variadas combinações.
Fonte: Diário do Pará