Fornecedor entrega orgânicos sob medida e evita formação de estoques

Produção só é retirada da horta depois de feito o pedido e nas quantidades solicitadas

Por Rogério Ferro, da equipe Akatu

Há 11 anos, quando decidiu comercializar produtos orgânicos e naturais, o empresário Sílvio Vieira, 54 anos, resolveu que o faria sem desperdícios. “Era muito comum ver alimentos sendo jogados fora por falta de planejamento na produção e essa realidade não mudou muito”, afirma. “Quis fazer diferente”, completa.

Por isso, agora Vieira compra produtos ainda plantados em hortas de pequenos produtores e só os retira sob encomenda e nas quantidades solicitadas por seus clientes, que recebem os alimentos em casa. Desse modo, garante alimentos bem fresquinhos e naturais e evita a formação de estoques na cadeia produtiva, uma das principais causas do desperdício.

Vieira é proprietário da Sabor Natural, loja localizada na Zona Norte de São Paulo, mas que faz grande parte das suas vendas pela internet. A empresa fornece mais de 500 produtos a famílias, restaurantes e pequenas lojas da cidade. A loja vende produtos de hortifrúti como frutas, legumes e raízes; cereais como arroz integral e feijões; ovos e leite; além de alimentos processados como pães, bolos, sucos e derivados da soja orgânica.

A Sabor Natural atua na cadeia como intermediária entre os pequenos produtores e os consumidores finais.

“Atendo a mais de 120 pedidos por semana. É um trabalho difícil e minucioso, por isso, só é possível fazer quando se acredita realmente nos benefícios de preservar os recursos naturais” afirma o empresário. “Trabalhava na iniciativa privada, mas pedi as contas na empresa onde trabalhava para me dedicar exclusivamente a este negócio, porque acredito que é uma atividade importante para a sustentabilidade do planeta”.

Os pedidos podem ser feitos pela internet ou por telefone com, pelo menos, dois dias de antecedência. Antes de solicitar e entrega, o consumidor deve consultar as rotas, dias e horários de entrega, que estão definidas e descritas no site da empresa. “Isso me dá tempo para encomendar dos produtores apenas o que é demandado pelos meus clientes”, explica Vieira. “Por outro lado, a pessoa precisa se planejar antes de comprar. É praticamente impossível comprar por impulso. Esse fator reduz a possibilidade de desperdício porque não há necessidade de estocar alimentos em casa”, explica Vieira.

“É um pouco difícil no começo, principalmente por causa do preço dos produtos, que são mais caros. Mas para ter a recompensa de receber na sua casa produtos frescos e de qualidade, na quantidade certa, vale o esforço do planejamento, que rapidamente entra na rotina”, conta a pedagoga Sílvia Scuracchio, cliente da Sabor Natural há 10 anos. “A grande vantagem é que você não precisa estocar os alimentos. Eu recebo os produtos duas vezes por semana e sempre de acordo com o cardápio previamente estabelecido”, explica a empresária Elena Martins, proprietária de um restaurante que tem como fornecedor a Sabor Natural.

Segundo vieira, os produtos orgânicos e naturais que comercializa, são, em geral, 35% a 45% mais caros que os convencionais.

Educação para consumo consciente de alimentos

O empresário afirma que em sua cadeia produtiva, o desperdício é praticamente zero, entretanto, não é possível saber se dentro de casa se dá a continuidade desse processo. “Por isso, recentemente apostamos na educação dos consumidores finais para o combate ao desperdício. Neste semestre, oferecemos palestras em escolas para crianças, ensinando a necessidade de preservar os recursos e consumir com consciência”, explica.

“Além disso, estamos montando, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Instituto Kairós, a organização não governamental alemã GTZ e outras entidades, oficinas e cursos de educação para o consumo consciente de alimentos”, afirma. As formações serão oferecidas a donas de casa, chefes de cozinha e outras entidades interessadas.

O projeto também tem como foco a promoção do consumo de produtos nacionais. “Importamos produtos que temos aqui no Brasil a pagamos mais caro. Tudo isso por falta de conhecimento. Isso é lago que pode ser facilmente evitado, valorizando o produto nacional”.

Produtos orgânicos

Para que um produto seja certificado como orgânico, vários critérios devem ser respeitados pelos produtores, tais como: não usar agrotóxicos nem fertilizantes químicos, respeitar as legislações trabalhista e ambiental, fazer o manejo sustentável dos recursos naturais e dos resíduos gerados na produção.

Em 2009, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou a cartilha O Olho do Consumidor para divulgar informações sobre os produtos orgânicos ao público geral. A cartilha explica também o que é o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (Sisorg), que regulamenta a certificação desses produtos no Brasil.

Os produtos serão assim classificados:

– Orgânico: produtos com no mínimo 95% de ingredientes orgânicos e que não contenham ingredientes transgênicos;

– Produtos com ingredientes orgânicos: que tenham entre 70% e 95% de ingredientes orgânicos;

– Não-orgânicos: produtos com menos de 70% de ingredientes orgânicos.

Somente os produtos classificados como orgânicos poderão receber o selo de identificação do Sisorg, com os dizeres “Produto Orgânico Brasil”.

Segundo o Mapa, a grande vantagem dos alimentos orgânicos passa pelo fato de serem mais enriquecidos de nutrientes, uma vez que a terra utilizada no seu cultivo é fértil e natural e não há nenhuma interferência de substâncias químicas no processo.
 

Fonte: Portal Ambiente Brasil