Hortas suspensas suprem falta de espaço


Professores trabalham a proposta com os alunos no turno inverso às aulas (Créditos:
Lucas Cembrani/divulgação/gs)

Por Emanuelle Dal-Ri

A falta de espaço físico para uma simples horta não intimidou os alunos, professores e direção da Escola de Ensino Fundamental Espírito Santo, em Sobradinho. Dotados de criatividade e senso de responsabilidade ambiental, eles desenvolveram projetos voltados à sustentabilidade, como o minhocário e a horta suspensa em garrafas pet.

As atividades começaram quando a atual diretora do educandário, Dula Stella Dors, resolveu fomentar a criação de ações que pudessem ser levadas também às moradias dos estudantes. Ela convidou os professores Cláudio Westphalen e Patrícia de Pelegrin, além da orientadora escolar Carina Arndt, para abraçarem a causa. “Pedi ajuda para a Renete Menegazzi, que é da Secretaria de Agricultura. Conseguimos formatar juntas, em junho deste ano, os passos iniciais”, revela Dula.

Com o projeto criado, chegou a hora de encontrar materiais que pudessem ser usados sem gerar maiores gastos à escola e ao município. O professor de Ensino Religioso, Cláudio Westphalen, recorreu à internet para buscar o meio mais adequado para o cultivo de plantas com raízes pequenas. O modelo proposto é feito de garrafas pet e tambores cortados na horizontal. As garrafas são presas por dois fios em um ferro que fica a cerca de 1,5 metro do chão. Os recipientes possibilitam o cultivo de salsinhas e cebolinhas, ervas medicinais, flores, alfaces e todo tipo de plantas com pouca raiz. Embora seja uma horta compacta, seus produtos enriquecem a merenda escolar disponibilizada pelo educandário.

Os estudantes participam em todas as fases do projeto, desde a escolha do material utilizado e por eles trazido à escola até a colheita e consumo dos alimentos. São responsáveis, inclusive, pelo recolhimento e separação dos lixos secos e orgânicos, diariamente. “O aluno deve ter a responsabilidade de ajudar na preservação da natureza. Sabemos que o trabalho se torna muito mais rico quando eles aprendem a plantar e a colher os alimentos por eles cultivados”, salienta Westphalen, que conta com o apoio da professora de Geografia e História, Patrícia de Pelegrin. “Nos baseamos na necessidade de orientar os estudantes a separarem corretamente o lixo. Incentivamos, portanto, a sustentabilidade e a disciplina”, ressalta. Além de aprovarem os resultados da colheita, alguns educandos criaram novos hábitos e habilidades.

Plantador de sonhos

O pequeno Leonardo da Costa, de 10 anos, está nos primeiros anos do ensino fundamental, mas já sabe com precisão em que área prefere trabalhar: na terra. Leléu, como foi apelidado pelos colegas, é de longe o ajudante que mais mostra disponibilidade. Sempre alegre, manuseia as plantas com extremo cuidado. O aprendizado, garante, será levado para casa, pois irá montar algo parecido com a ajuda dos pais. “Eu fico muito feliz em ver as plantinhas nascerem. É muito bom trabalhar com coisas que a gente vai comer depois”, brinca ele com um olhar infantil de quem tenta mudar o mundo, e consegue transformar, pelo menos, o próprio destino. 
 

Fonte: Gazeta do Sul