Os fenômenos climáticos deixaram mais caros pelo menos nove itens dos hortifrutigranjeiros nos supermercados de Salvador neste início de mês. Uma comparação da pesquisa de preços realizada por A TARDE em 3 de fevereiro com outra desta sexta-feira mostra que aipim, banana-da-terra, banana-da-prata, inhame, laranja, mamão-formosa, melancia, ovo e tomate aumentaram de preço na maioria dos supermercados pesquisados.
Há casos de preços que chegaram até mesmo a dobrar, como o tomate, cujo quilo custava R$ 0,68 no Mercantil Rodrigues e nesta semana estava custando R$ 1,75. Outro exemplo é a melancia, que tinha o quilo a um preço de R$ 0,63 no Bompreço no início do mês passado e agora está a R$ 1,18.
“O que influencia é a questão climática. Apesar de termos produção de muitos itens na Bahia, ainda importamos do Sudeste, e as fortes chuvas deste início de ano atrapalharam bastante”, observa Nádia Souza, economista do Dieese. Vânia Moreira, coordenadora de pesquisas sistemáticas e especiais da SEI, confirma a análise: “Além das chuvas, aqui no Nordeste a seca acaba prejudicando”.
Os aumentos, no entanto, não são uniformes em todos os supermercados. Alguns registram inclusive diminuição nos preços, enquanto seus concorrentes encarecem os produtos. “Às vezes uma loja tem uma grande quantidade de produtos em estoque, então resolve baixar o preço para que não estraguem, já que os hortifruti são bastante perecíveis”, explica Vânia. Pode ser também uma estratégia do estabelecimento, que resolve segurar o preço para atrair mais consumidores, analisa Nádia.
O aipim, por exemplo, aumentou de preço em cinco dos seis supermercados pesquisados. Apenas no Extra ficou mais barato (ainda assim, porque era o mais caro no levantamento anterior): passou de R$ 1,75 para R$ 1,18. Ainda assim, não é o local com menor preço. O Mercantil Rodrigues, apesar de ter aumentado, tinha na quinta-feira o quilo do aipim a R$ 0,75 (antes estava a R$ 0,68).
O único produto que aumentou em todos os seis supermercados consultados foi a dúzia dos ovos, que chega a R$ 3,49 no Hiperideal (no mês passado, era o segundo mais barato, R$ 1,68).
Já outros cinco produtos ficaram mais baratos em relação ao mês passado, na maioria dos mercados pesquisados: abacaxi, cebola, limão, maracujá e quiabo.
Cuidados – Quando sente pesar no bolso, o consumidor não tarda a reclamar do aumento dos preços. Para evitar gastos acima do previsto, muitos lançam mão de táticas para comprar os produtos mais baratos. A funcionária pública Marildete Sousa, 55 anos, sempre toma nota do preço das mercadorias que está adquirindo. “Se eu vejo que tem alguma coisa mais cara do que o normal, deixo para procurar em outro mercado. Só compro o que estiver barato”, conta.
Já o motorista Ademiro Lima, 35 anos, aproveita sempre os dias das promoções nos supermercados. “Deixo para comprar quando baixam os preços”, afirma.
No entanto, mesmo nas promoções, é importante ter cautela. “O consumidor deve ver sempre a qualidade do produto, não ir movido apenas pela oferta”, recomenda Vânia Moreira, da SEI. Principalmente por serem produtos perecíveis, o risco de estragarem é alto.
O laboratorista Antônio Carvalho desconfia dos preços mais baixos. “Fica mais barato um produto, mas sobem o preço de outro para compensar. No final, fica tudo caro”, reclama.
Outra tática que pode ser usada é a substituição de produtos. “Trocar o que está mais caro por similares, usar criatividade para mudar o cardápio de casa, ao invés de comer um purê de batata, pode ser de aipim, a depender do preço”, diz Selma Magnavita, presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores. Ela alerta ainda para que não se comprem produtos para estocagem. “Se o consumidor adquire uma quantidade muito grande, o preço tende a aumentar”, afirma.
Fonte: Jornal A Tarde de Salvador