Diversificação é a palavra de ordem para as empresas fabricantes de sementes para hortaliças que atuam no Brasil. Diante do aumento da renda da população, da busca cada vez maior por uma alimentação saudável e pela diversidade de climas existentes no país, companhias nacionais e estrangeiras apostam no desenvolvimento de variedades com elevado grau de produtividade, para atender os agricultores, e também sabores e texturas diferenciados para conquistar os consumidores.
Um exemplo desse aquecimento vem de uma empresa brasileira. Em menos de três meses, a Agristar inaugurou duas novas estações de pesquisas e em regiões opostas do país. Com um investimento de R$ 2,5 milhões a empresa deu início às atividades de sua estação em Ituporanga (SC) em novembro do ano passado, para em janeiro começar a operar em Moçoró (RN) sua mais nova estação.
Além disso, começa a funcionar a partir de julho o centro de distribuição de sementes da Agristar, instalado em sua estação experimental no município de Santo Antônio de Posse (SP). Na estrutura que ocupa uma área de 540 metros quadrados, dos quais 110 metros são refrigerados, foram investidos outros R$ 1 milhão e que facilitará a logística de entrega de sementes no Estado de São Paulo e na região Sul do país.
“Estamos nos preparando para a diversificação que inevitavelmente ocorrerá no mercado. Não teremos mais, por exemplo, apenas um tipo de tomate para todo o Brasil, mas variedades adaptadas a cada região e com características como sabores diferentes entre si”, afirma Alexandre Oliveira, diretor comercial da Agristar.
Atual líder mundial no segmento de hortaliças, a Monsanto entrou no segmento em 2006 quando comprou a Seminis, atraída pelas margens do negócio e também pela relação muito próxima ao consumidor final. O braço hortícola da multinacional deve superar os US$ 800 milhões em faturamento 2010, segundo gerente de negócios da divisão de hortaliças da empresa no Brasil, Álvaro Peixoto.
A importância que a própria Monsanto dá ao setor está no direcionamento de investimentos. Enquanto culturas tradicionais como soja, milho e algodão recebem 10% do que a empresa fatura em todo mundo, no caso das hortaliças a fatia da receita é de 15%. “Existe uma tendência pela busca de sementes mais produtivas e adaptadas a regiões menos tradicionais do que as que temos hoje”, afirma Peixoto.
E a atenção das multinacionais se justifica, já que é neste segmento que há mais espaço crescer. Além do potencial existe, em termos práticos, as vendas da Syngenta neste segmento cresceram a uma taxa média anual de 35% nos últimos quatro anos.
“O crescimento registrado no valor das vendas de sementes para hortaliças é muito superior ao crescimento das vendas de sementes para mercados já consolidados como soja e milho”, afirma Francisco Sallit, gerente de vegetais da Syngenta.
Fonte: Valor Econômico