Minas Gerais tem uma área de 93.327 hectares, ocupada por hortaliças, segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado (Seapa). O pimentão, uma das culturas que se destacam nesse segmento da produção, tem presença forte na Ceasa, em Contagem. Naquele entreposto foram comercializados, no ano passado, quase 12,2 milhões de quilos da hortaliça, volume que possibilitou uma receita da ordem de R$ 20 milhões.
Os números podem ser igualados e até superados neste ano, porque a entrada de pimentões no entreposto de Contagem vem aumentando desde 2005. No primeiro semestre de 2009 deram entrada mais de 6 milhões de quilos de pimentão, procedentes de 116 municípios mineiros.
O índice crescente da demanda por pimentões tem por base, principalmente, a qualidade do produto. Todos os municípios que se dedicam ao cultivo do pimentão contam com assistência da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para desenvolver os programas de cultivo, que vão do preparo do solo até a colheita. O suporte tecnológico oferecido pela empresa vinculada à Secretaria da Agricultura e a assistência na parte sanitária dos produtos, garantida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), possibilitam a oferta de pimentões com as condições de segurança alimentar exigidas pelo mercado interno e pelos compradores internacionais.
Produto do Centro-Oeste
Carmópolis de Minas, no Centro-Oeste do Estado, sobressai como o município que coloca maior volume de pimentões na Ceasa. No primeiro semestre deste ano, a produção de 1,4 milhão de quilos gerou uma receita superior a R$ 2 milhões. Esses produtos foram fornecidos em sua quase totalidade por agricultores familiares, como Lino dos Santos Souza. Os 10 mil pés de pimentão de seu Sítio Água Branca garantiram no semestre uma produção da ordem de 8 mil caixas ou cerca de 80 mil quilos. O pimentão verde é o único produzido por Souza e pelos demais agricultores do município, abastecendo a Ceasa e diretamente os compradores paulistas.
“Nossa atividade com pimentão começou há mais de 15 anos, envolvendo quatro pessoas da família na fase de cultivo e, no período de colheita, até dez apanhadores e alguns meeiros”, ele explica. De acordo com o agricultor, o mercado está “muito promissor”, com a cotação da caixa de 12 a 15 quilos alcançando até R$ 20,00. Souza diz que gostaria de exportar. “Isso ainda é um sonho, porque antes seria necessário aumentar muito o cultivo de pimentões no Sítio Água Branca.”
A exemplo da maioria dos produtores de Carmópolis de Minas e das outras regiões de Minas que tem parte da economia sustentada pelo pimentão, Souza cultiva simultaneamente outras hortaliças, como o tomate, vários tipos de abobrinhas, além de plantar milho. O produtor explica que o plantio de milho é direto, aproveitando a riqueza da terra com resíduos das hortaliças, prática que sempre garante boas safras para complementar a renda da propriedade.
Qualidade faz a diferença
O produtor Joaquim de Freitas Nogueira, de Onça de Pitangui, no Centro-Oeste de Minas, também diz que gostaria de exportar pimentão. Apesar do cenário desfavorável atualmente para a exportação desse produto, por causa da crise econômica mundial, os agricultores de Onça de Pitangui mantêm a esperança de vender para o mercado externo. Eles participam de um programa de qualidade e segurança alimentar com o objetivo, inclusive, de se habilitarem às exportações. Nogueira enfatiza que “difícil é a burocracia para se tornar um exportador, mas estamos procurando abrir caminho”. Os produtores de pimentão contam há seis anos com a fiscalização de qualidade e segurança alimentar do IMA, informa ainda o agricultor. Ele estima que dentro de um ano os produtores terão o selo de certificação de seus produtos.
A produção anual de pimentão nos 10 hectares reservados para hortaliças na Fazenda Macuco, de Nogueira, alcança 20 mil caixas. O agricultor informa que, nos últimos quatro anos, tem utilizado o plantio direto. “Nossas atividades têm o acompanhamento dos extensionistas da Emater, inclusive na escolha das variedades apropriadas a cada período do ano, pois a safra é ininterrupta. Outros produtores contam também com a assistência de engenheiros agrônomos particulares”, explica. “A orientação técnica é fundamental para uma produção de qualidade e de acordo com as normas da segurança alimentar”, diz ainda Nogueira.
O agricultor Antônio Eustáquio Penha, proprietário do Sítio Rancho Velho Cana do Rei, em Pará de Minas, também destaca que a oferta de produtos de alta qualidade vai possibilitar a melhoria constante do mercado. Ele informa que a produção anual de pimentão em sua propriedade alcança 4 mil caixas. Penha diz que começou a trabalhar com hortaliças há 15 anos e explica que plantava também tomates, mas atualmente cultiva apenas pimentão. Observa ainda que se acostumou com as dificuldades para manter o cultivo no período chuvoso, porque nessa fase a oferta diminui e isso possibilita uma cotação melhor para o produto. “Isso aconteceu no início deste ano”, conclui.
Colorido vale mais
Os agricultores de Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, colocaram em 2008, na Ceasa de Contagem, quase 600 mil quilos de pimentão. Entre os produtores da hortaliça está Kaleb Emerick, um dos poucos no município que usam o sistema de túnel para cultivar o produto amarelo.
“Há três anos começamos a usar esse sistema. O túnel consiste em arcos metálicos de três metros de altura e três de largura, com cobertura de plástico e fixados ao solo. Para as nossas necessidades de produção, implantamos tubos numa extensão de 1.350 metros. O plantio é feito no piso do túnel e assim pode se desenvolver sob umidade controlada e protegido da água de chuva. Outra vantagem do cultivo nessas condições, segundo Emerick, é a redução do uso de insumos. De acordo com o produtor, o pimentão cultivado no túnel é colhido quando amadurece (adquire a cor amarelada), e por isso a produção demora mais que a da hortaliça plantada a céu aberto, que pode ser colhida em três meses, portanto ainda verde.
A grande vantagem do cultivo de pimentão no túnel é o reconhecimento do mercado de que se trata de um produto diferenciado. Emerick informa que a caixa do pimentão colorido alcança, às vezes, mais que o dobro da cotação do produto verde. “A caixa de nossos pimentões está cotada atualmente entre R$ 30,00 e R$ 35,00 e, embora o custo de produção seja alto, a receita obtida com a sua comercialização compensa”, finaliza o produtor.
Fonte: Secretaria de Estado de Governo