O campo quer melhorar sua imagem

O ex-ministro Roberto Rodrigues: tentativa frustrada, no passado, de realizar uma campanha de seis meses para melhorar a imagem do setor agropecuário

Por Alexandre Inacio

O agronegócio se prepara para colocar em prática um plano de comunicação e marketing institucional do setor. Encabeçado pela Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), o objetivo é melhorar a imagem do segmento produtivo junto à população dos grandes centros urbanos e valorizar a atividade agropecuária, fazendo uma relação entre a produção e o dia a dia das pessoas.

O projeto de comunicação do setor ainda está em uma fase embrionária. Segundo o presidente da Abag, Carlo Lovatelli, o plano ainda não está fechado e a entidade, juntamente com outras associações representativas de classe, estão no momento de captação de recursos. Enquanto tenta fazer caixa para o programa, alguns grupos de trabalho trabalham em paralelo para traçar as estratégias a serem adotadas.

Ele não revela qual seria o orçamento ideal para dar início à campanha, mas o Valor apurou que já existem R$ 5 milhões comprometidos por empresas e entidades para aplicação no plano. Esses recursos, porém, não seriam suficientes para envolver propagandas em TV, ainda o principal canal de propaganda do país. Fontes revelaram que o mínimo necessário para colocar o projeto em prática seriam R$ 15 milhões, sendo que R$ 30 milhões seria o valor ideal para executar a estratégia em todos os meios de comunicação.

“A comunicação é uma deficiência setorial. Estávamos devendo um posicionamento como esse há muito tempo e pretendemos utilizar todas as ferramentas disponíveis para conseguir a maior abrangência possível”, afirma Lovatelli, da Abag.

Enquanto a Abag tenta levantar o restante dos recursos para viabilizar a fase inicial, a expectativa é que a primeira campanha publicitária esteja no ar antes do fim do ano. “Não vamos concorrer com a propaganda política. Vamos nos organizar nos próximos meses para iniciar as primeiras ações após o término das eleições”, disse Lovatelli.

Sobre a origem dos recursos, Lovatelli disse que a ideia é que o patrocínio seja gerado a partir de aportes de empresas e entidades ligadas ao agronegócio quanto àquelas que não possuem um vínculo direto. Uma das instituições onde parte dos recursos será levantado é o próprio governo, via Ministério da Agricultura.

Sobre a dificuldade em conseguir recursos para um plano de comunicação para o agronegócio, o ex-ministro e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, disse que quando era presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), em 1995, tentou fazer algo semelhante. À época eram necessários R$ 2 milhões para uma campanha de seis meses. Ele apresentou o projeto para 60 empresas, com a expectativa de obter cotas de patrocínio de pelo menos 40. “Apareceram três. Uma era a Agroceres e as outras duas eram cooperativas”, disse.

Fonte: Valor Econômico