Oficina da alimentação saudável: crianças aprendem a sentir e experimentar as frutas

Alunos são estimulados a tocar e sentir os alimentos (Foto: Bem-estar)

Desde pequenas, as crianças precisam se habituar com as frutas e verduras, diz nutricionista

Por Sabrina Silveira

A meleca faz parte da aula. Ao invés de lápis e cadernos, faquinhas, pratinhos de plástico e frutas. Vale apertar, esmagar, cheirar e provar tudo que passa entre as mãos inquietas das 16 crianças da turma do maternal do Instituto de Educação Infantil Mãe Comerciária, em Porto Alegre. A lição do dia? Aprender que as frutas podem ser tão gostosas, ou melhores, que qualquer biscoito doce ou guloseima.

Algumas frutas sequer são reconhecidas pela turminha, que tem de dois a três anos. Quando mostra o kiwi e pergunta o nome da fruta, a nutricionista Fabiana Fangueiro ouve: “Melão!” Para convencer a turma de que se trata de outra fruta, Fabiana corta ao meio e apresenta às crianças. O toque na casca “peluda” do fruto encanta os pequenos.

A maçã é uma unanimidade. Em coro, os 16 acertam de primeira o nome da fruta. Depois, ainda descobrem o abacaxi, o morango e a banana.

Luiza não resiste à ordem de apenas tocar os alimentos. Não pensa duas vezes e tasca uma bocada em um morango, dois, e assim por diante.

Na segunda etapa da aula, os alunos recebem faquinhas de plástico e aprendem a cortar e espetar os pedaços em espetinhos de madeira para comer. Nessa hora não há recusa. Todos enchem a boca com as frutas.

Questão de hábito

Coordenando a turminha da Oficina Culinária, Fabiana apresenta as frutas, fala os nomes, pergunta as cores e incentiva as crianças a tocar e identificar os alimentos. O propósito é desenvolver desde cedo o hábito de uma alimentação saudável. Segundo ela, periodicamente, a aula inclui produtos recusados pelos pequenos na hora do lanche. Podem ser frutas, legumes ou verduras.

Ela explica que despertar a curiosidade é uma forma de chamar a atenção das crianças, fazendo com que elas queiram comer:

— Nessa fase é importante que eles desenvolvam a parte sensorial, tocando e sentindo o cheiro das frutas e, assim, passar a desenvolvem o hábito de gostar de comê-las.

A especialista explica que, tanto em casa, quanto na oficina, um mesmo alimento pode precisar ser apresentado à criança cerca de dez vezes até que ela se habitue. O importante é que não se desista na primeira tentativa. Preparar o alimento de uma forma diferente pode despertar o interesse dos pequenos.

— Se ela recusar uma vez não significa que ela não goste. Ela precisa se acostumar ao gosto — explica Fabiana.

Auxílio dos pais é essencial

A nutricionista, que atua na área infantil há cerca de três anos, explica que a oficina precisa da parceira dos pais. Eles recebem em casa orientações nutricionais por escrito. O hábito das crianças é um reflexo da alimentação que recebem dos pais, por isso é tão importante que a educação comece em casa.

— É importante que, desde cedo, a gente estimule as crianças a comerem frutas e verduras. Sabemos que são alimentos que não são tão aceitos e que as famílias não têm o hábito de oferecer e de comer, mas é preciso insistir — aconselha.

Confira algumas dicas para driblar os pequenos:

:: Faça a refeição junto com a criança. Ofereça e, principalmente, coma alimentos saudáveis na frente dela;

:: procure oferecer todos os dias pelo menos um tipo de salada ou de fruta;

:: substitua a sobremesa doce por uma fruta;

:: evite ter guloseimas em casa para não ceder ao pedido da criança;

:: ofereça o mesmo alimento em diversas ocasiões. No entanto, procure prepará-lo de forma diferente;

:: coloque alimentos naturais ou preparados em casa na lancheira;

:: leve a criança ao supermercado e faça-a escolher a fruta que quer comer;

:: limite o consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar;

:: convide a criança a ajudar no preparo do alimento antes de comer.

A falta de frutas, verduras e legumes na dieta podem causar:

:: deficiência no desenvolvimento físico e mental;

:: deficiência de vitaminas e minerais essenciais para o funcionamento do organismo;

:: excesso de consumo de carboidratos e consequente aumento de peso;

:: desenvolvimento de doenças como triglicérios e colesterol altos, hipertensão, obesidade e diabetes no futuro.

Fonte: Site Bem-Estar