Por Gustavo Werneck
Uma viagem pela Estrada Real (ER) para divulgar as plantas medicinais brasileiras e semear informações produtivas sobre a necessidade de sua preservação, uso e estudos científicos. O histórico distrito de Ipoema, em Itabira, na Região Central de Minas, recebeu, na tarde de ontem, com festa e ações educativas, uma caravana que refaz o caminho do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que de
À frente do grupo, a professora de fitoterapia da Escola de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Maria das Graças Lins Brandão disse que a maior parte das plantas medicinais conhecidas, caso das usadas para chás caseiros e remédios – hortelã, capim-santo, manjericão, babosa e outras, – foi introduzida pelos colonizadores, portanto, não é da biodiveresidade nacional.
“É preciso pesquisá-las, conhecê-las e parar de destruí-las, pois o próprio Saint-Hilaire já se mostrava preocupado com a devastação”, disse a professora e coordenadora da caravana. Entre as brasileiras pouco aproveitadas estão o barbatimão, a sambaíba e a carqueja.
Na Escola Estadual Professor
A estudante Raniere
Mesmo com a chuva forte, os moradores de Ipoema – ponto da Estrada Real que, nos séculos 18 e 19, interligava a passagem do caminho do Antigo Tijuco (Diamantina) à capital da província, Vila Rica, atual Ouro Preto – mostraram seu interesse. E brindaram os visitantes com o melhor de suas tradições, que remontam aos tempos coloniais. “Água do céu, na medida certa, é sempre bem-vinda. E, no caso de plantas medicinais, fica melhor ainda”, disse a diretora do Museu do Tropeiro, Eleni Cássia Vieira, responsável pela recepção ao grupo.
Logo na chegada da caravana, as Lavadeiras de Ipoema dançaram e cantaram música cujo tema se encaixa com a proposta do grupo. “A camisa do Zezé, não se lava com sabão, lava com raminho verde, água do meu coração”, entoaram as mulheres do grupo que existe desde a inauguração do Museu do Tropeiro, há seis anos.
Os meninos “estaladores de chicotes”, coordenados pelo tropeiro Maurílio Ferreira, de 70 anos, receberam aplausos ao repetir o ritual feito para saudar e despedir das tropas que seguiam pela ER.
“Saint-Hilaire sempre foi acompanhado de um tropeiro nas suas viagens, preferencialmente de Minas, para garantir a rota certa e a segurança. Ipoema é importante nesse projeto, pois os tropeiros sempre fizeram uso da medicina caseira”, destacou Eleni.
O programa ainda incluiu a apresentação dos “meninos do berrante”, que, com o som característico do instrumento, trouxe um pouco da história dos boiadeiros, que sempre foram personagens na trajetória do naturalista francês Brasil adentro.
Fonte: Estado de Minas/Jornal da Ciência