Por Fabiano Ávila
O mundo produz o suficiente para sustentar sua população e a tendência é que a tecnologia no campo resulte em mais alimentos nos próximos anos. Porém, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) afirma que o número de famintos seguirá aumentando e ultrapassará os atuais um bilhão de pessoas. Isso porque os alimentos que já são caros para muitos hoje, ficarão ainda mais custosos até 2020.
Segundo o relatório sobre perspectivas agrícolas, lançado dia 15, pela FAO em parceria com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o preço dos grãos ficarão entre 15 % e 40% mais caros em termos reais com relação ao período de 1997 a 2006. Já os óleos vegetais subirão mais de 40% e os laticínios entre 16% e 45%.
A escalada nos preços do gado será menos acentuada devido ao grande aumento da produtividade, acredita a FAO. Mas a demanda global por carne deve acelerar mais do que de outros produtos.
No geral, os preços das commodities agrícolas estão num momento de baixa depois do pico em 2007 e 2008, mas a tendência será a subida constante em virtude principalmente da maior demanda causada pelo desenvolvimento econômico nos países emergentes e em menor grau pela expansão dos biocombustíveis.
“O papel dos países em desenvolvimento no mercado internacional está crescendo rapidamente assim como a responsabilidade para que eles adotem políticas para contribuir em questões como a má nutrição e a fome”, afirmou Jacques Diouf, diretor geral da FAO.
Comércio Justo
Os emergentes ocuparão cada vez mais espaço na cadeia produtiva de alimentos, com destaque para o Brasil que deve aumentar sua participação no mercado mundial em mais de 40% na próxima década. Rússia, Índia, China e Ucrânia devem ficar nos 20%.
O relatório recomenda que a produção deve ser incentivada para acompanhar a demanda e que políticas internacionais devem ser estabelecidas com esse fim. Também salienta a importância de um sistema justo de comércio para garantir que os alimentos estarão acessíveis a quem mais precisa deles.
A organização não governamental Fairtrade Foundation defendeu que a agricultura familiar será uma ferramenta indispensável no combate a fome e alertou que o aumento dos preços das commodities e que os biocombustíveis podem por em risco essa modalidade de produção.
“Podemos ter uma nova corrida por terras e investidores poderosos irão simplesmente adquirir cada vez mais território e deixarão muitas pessoas sem os meios para produzir. O modelo da agricultura para a exportação pode ainda fazer com que países altamente agrícolas vivam o paradoxo de ter milhões de famintos”, concluiu em nota Barbara Crowther, diretora de comunicações da Fairtrade Foundation.
Fonte: CarbonoBrasil/FAO