Produção de quiabo em Minas Minas tem boas perspectivas para 2010

A produção de quiabo em Paraopeba, município da região Central de Minas, deve ter mais um ano de crescimento. Segundo dados sobre a comercialização do produto entre janeiro e maio, levantados pela Ceasa Minas de Contagem, na Grande Belo Horizonte, no acumulado dos cinco meses foram movimentadas cerca de 1,4 mil toneladas da hortaliça produzida nas lavouras de Paraopeba.

Os registros da Ceasa no mesmo período de 2009 mostram que os produtores do município forneceram cerca de 1,1 mil toneladas de quiabo ao entreposto. O crescimento foi de 27%, informa a Superintendência de Segurança Alimentar e Apoio à Agricultura Familiar (Susaf) da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

Além disso, segundo o superintendente Lucas Scarascia, o volume de quiabo fornecido pelos produtores de Paraopeba à Ceasa, nos primeiros cinco meses deste ano, equivale a 20% do total desse produto colocado no entreposto por 140 municípios em 2009.

Produto na bandeja

Estimativas da Emater-MG, instituição vinculada à Secretaria da Agricultura, confirmam as projeções de aumento da produção de quiabo em Paraopeba feitas pela Susaf. “A safra do município deve ultrapassar, em 2010, as 3 mil toneladas registradas em 2009”, diz o extensionista Luiz Edson Bruzzi de Andrade. Ele ainda acrescenta: “Paraopeba é o maior produtor de quiabo do Estado e o maior volume de sua produção é encaminhada à Ceasa. As vendas para o entreposto estão aumentando e já é grande também o fornecimento aos compradores diretos, como supermercados e sacolões. Além disso, os produtores atendem a encomendas de São Paulo e Bahia.”

Um dos fatores que têm contribuído para o aumento das vendas é a oferta do produto em bandeja. A produtora Maria da Veiga foi a pioneira na utilização do sistema quando, há quatro anos, decidiu fornecer o quiabo embalado, a exemplo das sementes de pequi que já fornecia à Ceasa. Ela informa que para montar a estrutura de acondicionamento dos produtos gastou cerca de R$ 1,2 mil, aplicando a maior parte dos recursos na aquisição de uma balança digital, de uma empacotadora a vácuo e de plástico para envolver o quiabo.

Cada bandeja de quiabo pesa, em média, 410 gramas. O custo médio de produção é de R$ 0,10 por bandeja, além das despesas de comercialização e outras. A bandeja é vendida por R$ 1,00 e o lucro para o produtor varia de R$ 0,10 a R$ 0,25 por embalagem. A produtora considera que o investimento na implantação do sistema e o custo que os agricultores assumem na produção das bandejas são compensados pelo aumento da demanda e o consequente reforço da receita, pois o quiabo nessas condições é colocado no mercado com valor agregado.

A produtora observa também que o quiabo é selecionado na colheita para evitar perdas no processo de embalagem. Já os donos de supermercados e de sacolões podem contar com um produto de boa qualidade e em condições de permanecer exposto por seis dias, com boa aparência, enquanto o quiabo não embalado resiste à metade desse tempo. Além disso, Maria da Veiga ressalta que o sistema de embalagem impede a prática de quebrar as pontas do produto para verificar sua qualidade. Esse hábito, de grande parte dos consumidores, provoca a perda do produto na gôndola ou na banca, prejudicando tanto os comerciantes quanto os compradores.

Os benefícios da comercialização em bandeja são apontados também pelo produtor João Manoel de Figueiredo, que há 40 anos cultiva quiabo em Paraopeba. Ele diz que está satisfeito porque o produto embalado é mais bem aceito e a adoção do sistema melhorou a ocupação da mão de obra na propriedade. O trabalho envolve 15 pessoas, que dedicam quatro horas por dia para montar 100 caixas de 20 bandejas. As jornadas são realizadas três vezes por semana e resultam no preparo de 24 mil bandejas por mês. Metade desse volume de bandejas é vendida na Ceasa, informa o agricultor.

Importância do rótulo

Para o superintendente Lucas Scarascia, “a agregação de valor ao produto, destacada por Maria da Veiga e João Manoel de Figueiredo, é um importante diferencial na oferta do quiabo em bandeja”. Ele observa também que os agricultores podem aumentar a participação no mercado utilizando a própria embalagem. “No filme plástico que envolve o produto pode ser inserido um rótulo contendo a data em que o quiabo foi embalado, o nome do produtor e as informações de sua propriedade, entre outros dados. Desta forma a marca será divulgada, o consumidor terá informação sobre a procedência do produto e potenciais clientes poderão fazer contato com o produtor”, diz Scarascia.

Ele concorda que a proteção do quiabo na bandeja representa um benefício para o consumidor, que sempre encontrará o produto com suas qualidades inalteradas. Pela mesma razão o produto na bandeja é bem aceito pelos varejistas, porque pode ser oferecido por um tempo maior sem perder o bom aspecto.

Scarascia ainda lembra que os agricultores familiares podem aumentar a receita de suas propriedades por meio da organização da produção e comercialização dos produtos. “O associativismo é de fundamental importância porque possibilita a distribuição de custos e a inserção de novas tecnologias para uma produção ajustada às normas de qualidade e segurança alimentar”, finaliza.

Foto: Divulgação/MG / ABN News