O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o desperdício no consumo doméstico de alimentos é aproximadamente de 20% no Brasil. É comum que talos, folhas e cascas, muitas vezes mais nutritivos do que os alimentos usualmente consumidos, sejam desperdiçados. Para mudar esta cultura, o projeto Despertando para o consumo consciente: aproveitamento integral e reaproveitamento seguro dos alimentos, coordenado pela professora Angelina do Carmo Lessa, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), buscou ensinar à população de Diamantina, estratégias para aproveitar todos os recursos dos alimentos.
O projeto se fundamentou principalmente em atividades práticas, através das quais a população foi convidada a participar de oficinas que abordaram os valores nutritivos dos alimentos, possibilidades de uso e reuso seguro, conscientização do desperdício alimentar, preparação de receitas utilizando o potencial do alimento, além de informações para armazenar sem perdas.
Os participantes prepararam e experimentaram receitas com alimentos que faziam parte de seus hábitos alimentares, possibilitando diminuir preconceitos sobre o uso de alimentos geralmente descartados. “Penso que permitir que os participantes tivessem a experiência é realmente a melhor forma para que aquilo que se ensina faça sentido”, acrescenta a pesquisadora.
Como resultado desse trabalho, a equipe de pesquisadores produziu a cartilha Uso integral e reaproveitamento seguro dos alimentos. Neste arquivo, há informações e receitas, como a de bolo de casca de banana, pudim de pão, bolinhos de casca de batata, farofa de folhas, talos e legumes, hambúrguer de abobrinhas, entre outras.
Ainda assim, Angelina comenta o desafio de promover essas mudanças. “Mudar a forma como as pessoas se alimentam, utilizam e preparam seus alimentos não é tarefa fácil. O que levou anos e anos para se construir não poderá ser modificado com uma intervenção pontual. Portanto ações que conseguem se manter por mais tempo e que propiciem experiências positivas são fundamentais”, conclui.
Fonte: Fapemig