O colorido e o aroma das flores marcam presença nas praças, ruas e dentro das residências. Mas quais cuidados devem ser tomados na hora de cultivar espécies em vasos ou jardins? DeFato ouviu proprietários de floriculturas em Itabira para registrar as dicas que prolongam a vida de diferentes plantas.
O técnico agropecuário Amilson Nunes e Elaine Santos, sua mulher, são proprietários da Cia. das Flores, em Itabira. Eles explicam que há espécies que exigem sol pleno, meia-sombra ou sombra. “Algumas plantas são de ambientes internos e jamais podem ir para o sol, como a zamioculca; se for, queima e morre; mas tem plantas que precisam do sol o dia todo, como as rústicas”, diz Elaine.
Amilson acrescenta que o ideal é irrigar as plantas antes das 14 horas, para que dê tempo de as folhas secarem antes do anoitecer, evitando, assim, doenças fúngicas. Quando a planta desbota, nem sempre é sinal de que falta água. “Se o sol estiver quente demais, a planta murcha. É uma defesa dela. Ela fecha os estômatos para não transpirar e perder água. Depois que o sol vai embora, ela volta. Se não voltar, realmente está faltando água”, observa.
A proprietária da Vazolândia Duarte, Ângela Maria Duarte, faz um alerta: “Nunca deixe água no pratinho: depois que molhou e escorreu, tire a água e jogue fora”. Essa medida deve ser tomada para que o substrato não sugue esse excesso, fazendo com que a raiz apodreça, e também para evitar risco de proliferação do mosquito da dengue.
SUBSTRATO
Algumas dicas dos especialistas podem ser aplicadas a todas as espécies. Os cuidados gerais são: molhar, adubar uma vez por ano, no mínimo, e trocar a terra e o substrato (que pode ser feito de casca de coco esfarelada, pó de casca de arroz, farelo de casca de ovo e casca de pinus, extraída do tronco do pinheiro, que substitui o pó de xaxim ou samambaiaçu, uma espécie em extinção). O substrato deve ser misturado à terra para que essa não fique compactada e impeça a infiltração de água até à raiz, causando a morte da planta. Quanto ao adubo líquido, deve ser pulverizado nas folhas e no solo, nunca nas flores.
De acordo com o proprietário da Kássio Flores, Cássio Moura, o substrato é vendido em pacotes menores, de um ou dois quilos, e embalagens maiores, que chegam a 25 kg. “Os pacotes maiores são para fazer jardins”, comenta. A proprietária da Floricultura Central, Edileuza Figueiredo, caracteriza os diferentes tipos de adubos. “Há o do plantio, que ajuda o enraizamento da planta; de manutenção, para conservar; e da própria floração, que é usado depois que a planta ‘já pegou’. Têm os adubos orgânicos, que são o esterco, o húmus, a casca de madeira”, diz. Ela também ressalta um cuidado importante: “Se você quiser usar a casquinha de madeira, ela tem que estar bem curtida, já entrando na fase de apodrecimento. Quando a madeira está verde, tira o nitrogênio da planta. Estando apodrecida, passará todos os nutrientes para ela”, explica.
Florescimento
Ângela Duarte comenta que, ao se plantar uma muda, a espécie poderá florescer a partir de 120 dias. “Às vezes, até menos. Mudinha de beijo, por exemplo, você planta no jardim e em uma semana dá flor. Isso depende da espécie”, afirma. A floração é uma etapa do ciclo da planta, como explica Edileuza Figueiredo. “A planta tem sua fase de crescimento, floração e dormência, que geralmente é no inverno. Roseira dá flor o ano inteiro, desde pequenininha. Mesmo assim, ela diminui a floração no inverno. Quando é árvore de grande porte, demora uns três ou quatro anos para florir. Depende muito do terreno e da adubação também. A planta não gosta de terreno argiloso”, diz.
Elaine conta que a azaleia floresce em casa durante a primavera; orquídea catleia no início do ano; orquídea dendobrium em meados do ano e orquídea phalaenopsis em qualquer época do ano. Ela também cita a floração de outras espécies de plantas. “A bougainville floresce o ano todo, só diminui a floração no inverno. Agora na primavera é um show, muito bonita. A muda, com quatro meses, já dá flor. Para o ipê o ideal é o período seco e ele leva até cinco anos para florescer. Se estiver perto de alguma área molhada, perto de um lago, não dá flor. Quanto mais seco, mais flores dá”.
Que planta escolher?
Cássio Moura aponta o cuidado que se deve ter ao escolher uma planta para a casa: “Tem que olhar a necessidade da pessoa e a espécie que aguentará ficar dentro ou fora da casa”. Edileuza Figueiredo observa que o tamanho da espécie deve ser considerado. “Há plantas que enraízam muito: tem que plantar longe da casa, em sítio ou chácara.”
O cuidado também é reforçado por Elaine Santos: “A pessoa deve olhar o tipo de ambiente e o espaço que tem para ver qual planta vai se adaptar ali. Quem mora em apartamento, não tem muito espaço. Se a casa fica fechada o dia todo, tem que ver uma planta que suporte pouca ventilação. Para jardim, tem que fazer uma composição de tamanhos também, porque você não pode colocar uma planta alta na frente de uma pequena, senão uma vai atrapalhar a incidência de luz da outra”. <
Cuidados específicos com as plantas para vasos dentro de casa
Calandiva
A espécie gosta de sol e de sombra. Se bem cuidada, dá flor o ano todo. Precisa da luz solar uma parte do dia para sobressair. Quando a florzinha queimar, é só tirar o excesso que brota de novo. Deve-se regar todo dia. A espécie diferencia-se da kalanchoe (conhecida como flor da fortuna) por conter mais pétalas.
Orquídea
É uma planta fácil de cultivar. Estando em um lugar sombrio, sendo adubada e regada do modo certo, há espécie que floresce o ano todo. São vasos mais caros, mas compensam porque não morrem fácil. A flor acaba, mas o vaso fica e depois solta mais cachos que dão outra florada. Sabendo cuidar, a flor da phalaenopsis dura de três a cinco meses. Estando com flor, a phalaenopsis deve ser regada de 15 em 15 dias. Se não estiver com flores, a irrigação deve ser semanal. Em época seca, o ideal é borrifar água nas folhas, não no substrato, senão ela seca por falta da umidade do ar e acaba morrendo. A adubação deve ser feita de 15 em 15 dias.
Violeta e antúrio
As duas espécies exigem cuidados semelhantes, como: luz indireta, irrigação na raiz e fertilização quinzenal. Deve-se fazer regas frequentes, mas com o cuidado de não molhar demais: deve-se manter o substrato úmido, mas não encharcado.
Begônia
A espécie deve ser molhada duas vezes por semana e mantida em um lugar mais claro. Ela precisa receber a luz solar.
Mini-rosa e ciclame
A mini-rosa requer um pouco de sol pela manhã. Pode-se regar umas duas vezes por semana. O ciclame deve ficar em um lugar sombrio, ser regado uma vez por semana e pode ser replantado em um vaso maior.
Dracena e spatifilus
Devem ser adubadas mensalmente com terra, substrato ou adubo químico. Elas devem ser molhadas três vezes na semana e não precisam de muita luz: podem ser colocadas em um canto da sala, por exemplo.
Para jardins externos
Palmeiras (areca-bambu, triangular, fênix e coco-anão) e buxinho
São plantas rústicas, mais simples de cuidar. Precisam de sol pleno, irrigação frequente, adubação semestral e poda de limpeza trimestral. As folhas também devem ser molhadas.
Exória e azaleia
Precisam de muito sol, gostam de adubo natural (esterco) e devem ser molhadas diariamente.
Roseira e cacto
A roseira requer mais água porque vai ficar ao sol. Pode-se regar duas vezes por semana. Ao plantar, cava-se um buraco, põe-se um esterco bem curtido e um adubo para enraizamento, que é o NPK. Em pouco tempo, surgem os brotos e as flores. Já o cacto retém água e pode ser regado apenas uma vez por semana.
Cica e moreia
A adubação também deve ser mensal. Como ficam expostas ao sol durante todo o dia, podem ser regadas diariamente, no início da manhã ou no final da tarde.
Fonte: Site DeFato online