A beterraba é originária da Europa. Embora se acredite que o homem a venha aproveitando como alimento e medicamento desde a Idade da Pedra Polida, o primeiro registro escrito sobre ela surgiu por volta do século 8 a.C., na Mesopotâmia Além disso, estudos têm comprovado que egípcios, gregos, romanos e até mesmo os povos bárbaros do tempo pré-cristão a incluíam em sua alimentação.
Hoje, a beterraba faz parte do regime alimentar de muitos brasileiros, embora seja grande o número dos que desconhecem suas características peculiares. Na verdade, existem três tipos dessa hortaliça: a açucareira, usada para a produção de açúcar; a forrageira, que serve de alimento a animais domésticos; e aquela cujas raízes são consumidas como hortaliça, sendo essa a mais conhecida no Brasil.
Rica em diversos nutrientes, ela é reconhecida como um alimento saudável que pode ser consumido de várias formas: fervida e servida como acompanhamento, usada em conservas, saladas e condimentos, ou preparada como picles (conservas feitas com vinagre). Suas folhas, parte mais nutritiva do vegetal, podem ser cozidas e comidas da mesma forma como o espinafre e a acelga. Segundo a crença popular, a beterraba tem poderes analgésicos. Até hoje, alguns terapeutas naturais a recomendam para prevenir o câncer e fortalecer a imunidade, sugerindo o uso do seu suco para acelerar a convalescença. Contudo, ainda que seja uma fonte alimentar razoavelmente nutritiva, não existe comprovação científica de que proporcione tais benefícios.
As beterrabas mais saborosas são as pequenas, com as folhas ainda presas a ela. A melhor maneira de cozinhá-las é fervê-las com a casca, pois assim a maior parte dos nutrientes e a cor vermelha permanecerão. Depois de frias suas cascas sairão facilmente e a raiz poderá ser fatiada, ralada ou transformada em purê.
A beterraba é o vegetal que possui o maior índice de açúcar, mas mesmo assim tem poucas calorias: cerca de 50 por xícara. Hoje, tornou-se comum jogar suas folhas no lixo e aproveitar apenas a raiz, justamente o contrário do que acontecia nos tempos antigos, quando somente elas eram incluídas na alimentação, sendo a raiz utilizada como remédio para aliviar dores de cabeça e de dentes. Depois de ingeri-las, muitas pessoas ficam preocupadas quando notam uma coloração marrom avermelhada na sua urina ou fezes, mas o motivo dessa aparente anormalidade é bem simples (e inofensivo): a betacianina, pigmento vermelho desse vegetal, passa pelo sistema digestivo sem ser decomposta, voltando tudo ao normal em prazo curto (um ou dois dias).
Absorvido pelos glóbulos vermelhos, esse pigmento pode aumentar em muito a capacidade de transporte de oxigênio no sangue; sendo também um poderoso agente de combate a certos tipos de câncer (sua eficácia contra o de cólon, em particular, tem sido demonstrada em vários estudos). A betacianina é utilizada em larga escala pela industria alimentar, como um corante em vários doces, gelados, sopas, etc. Sua parente, a beterraba-sacarina, desempenha também ela um importante papel na industria alimentar. Esta beterraba é conhecida por ser muito rica em açúcar e hoje em dia muito da sacarose utilizada pela industria alimentar é obtida através da beterraba-sacarina.
A raiz da beterraba é muito consumida em todo o mundo. Cozida ou crua, é um dos vegetais mais apreciados na culinária porque seu sabor adocicado e com gosto de terra atrai ao paladar. Embora seja utilizada como alimento, também é eficiente quando usada medicinalmente, seja na cura de doenças ou como preventivo. Rica em folato (ácido fólico ou folacina), vitamina hidrossolúvel do complexo B, a beterraba contém, vários outros nutrientes, como ferro (é uma das hortaliças mais ricas nesse mineral, tanto na raiz quanto nas folhas), cálcio, fósforo, potássio, e outras vitaminas (vitamina A, vitamina C, Tiamina, Riboflavina, Niacina), além de carboidratos e proteína.
Segundo a Embrapa Hortaliças, embora produza melhor em épocas de clima ameno, a beterraba é cultivada durante todo o ano. Os preços mais baixos ocorrem de agosto a novembro. As raízes devem ser firmes, sem sintomas de murcha, com cor vermelho intenso, sem rachaduras, sem sinais de brotação e com o mínimo de cortiça (tecido escuro) no ombro. As raízes de maior valor comercial têm 200-300g e diâmetro entre 8 e 10 cm. EntretanTo, raízes de tamanho fora desta faixa podem ser boas para consumo, desde que estejam firmes e tenras.
Raízes muito grandes podem ter sido colhidas tardiamente e apresentarem-se fibrosas. A beterraba também pode ser comercializada já picada ou ralada, embalada em sacos de plástico ou bandejas recobertas por filmes de plástico. É fundamental que esse produto esteja exposto em gôndolas refrigeradas para garantir a sua adequada conservação, pois quando mantido em condição ambiente deteriora-se rapidamente.
Segundo a Isla, produtora de sementes para horticultura, a da beterraba é, na verdade, um fruto que contém de dois a seis embriões. E cada um deles vai gerar uma nova planta. “Sob o ponto de vista biológico é fascinante, mas, sob o ponto de vista de quem produz a hortaliça, é um complicador. Esta peculiaridade da beterraba resulta num gasto excessivo de sementes durante o plantio (até duas vezes mais) e torna obrigatório o desbaste de plântulas (embriões que começam a se desenvolver), o que demanda tempo e mão-de-obra, elevando significativamente o custo de produção.
*Autor: FERNANDO KITZINGER DANNEMANN (www.efecade.com.br)
Fonte: Site Recanto das Letras