Por Mara Flores
Dois grandes cachorros pretos acompanham Adilson Dim Nakahara por todos os cantos numa das duas propriedades tocadas por ele Bairro do Cocuera, um dos centros de produção rural diferenciada de Mogi das Cruzes. Ali, caquis e nêsperas abrem espaço para novas culturas. Algumas, mais conhecidas, como é o caso das orquídeas. Outras, um tanto incomum para essa região, como a ameixa rubi mel e o inovador tomate sweet grape, que se diferencia principalmente pelo formato pequeno. No último um ano e meio, desde que foi introduzida, a espécie se tornou uma das mais rentosas e atrativas do sítio, com destaque especial para o tomate amarelo, de cor e sabor inigualáveis.
Numa das quatro estufas montadas especialmente para essa cultura, são cerca de 20 filas de parreiras do sweet grape vermelho para uma única da variedade amarela, cuja semente foi trazida do Japão e ainda está em fase de experimentos.
“Numa embalagem de 300 gramas de tomate vermelho, colocamos um único amarelo que é justamente para despertar a atenção do consumidor”, revela Nakahara.
Segundo o agricultor, a participação do tomate amarelo na produção deve continuar tímida enquanto o consumidor mogiano não se adaptar a novidade, mas a expectativa é de que com o tempo ele faça tanto sucesso quanto o valorizado pimentão amarelo, por exemplo. Ou melhor ainda, tenha a mesma saída que o seu irmão vermelho, cuja produção semanal de 500 a 600 quilos tem sido totalmente absorvida pelos supermercados da rede mogiana Shibata e Alabarce, sob a logomarca Sabor 1000.
De aparência muito semelhante ao tomatinho cereja, mas de sabor ainda mais adocicado, cultivado em estufa e dentro de pacotes de substratos (a base principal é fibra de coco) que isolam as parreiras do contato direto com o solo, o cultivo do sweet grape em Mogi das Cruzes começa a ganhar campo, porém, ainda está longe de se tornar comum entre as propriedades rurais.
Pelo contrário, a ideia é manter o diferencial do produto, tanto que há restrições na disponibilidade das sementes que, normalmente, são adquiridas por meio de futuros compradores/revendedores do tomate no mercado.
Técnico em elétrica, Dim Nakahara nasceu e cresceu no Cocuera, onde a família cultivava caqui e nêspera. Na década de 90, com as dificuldades da economia brasileira, o alto custo de produção e o baixo preço das frutas, ele chegou a desistir do campo. Foi trabalhar no Japão, assim como fizeram inúmeros outros dekasseguis (descendentes de japoneses). Em 1995, no entanto, voltou para o Município disposto a viver da lida no campo, entretanto, decidido a diversificar as culturas.
Os tradicionais caqui e nêspera continuam em produção, mas agora dividem espaço com o tomate e, principalmente, com a ameixa rubi mel, outra inovação na agricultura mogiana, cuja safra se dá no final do ano e é agraciada pelo forte consumo de frutas no período de Natal e Ano Novo.
A fruta de um interior amarelo suculento e revestida de uma casca fina, na cor rubi que lhe empresta o nome, é cultivada em cerca de dois mil pés que começaram a ser plantados há 10 anos, depois de alguns produtores terem conseguido resultados animadores no Sul de Minas, onde o clima é bem parecido com o de Mogi das Cruzes. “Levou três anos para termos a primeira colheita, mas é uma fruta que não exige tantos cuidados e que tem rendido uma média de 100 quilos de ameixa por pé”, conta Nakahara.
O aproveitamento do sítio não para por aí. Há seis anos, a esposa Márcia é responsável pelo cultivo de orquídeas da espécie Cimbidium, cuja comercialização é restrita às hastes floridas. Há, ainda, alguns tanques destinados à produção de peixes, onde o hobby de Nakahara também rende lucros.
Tilápias tailandesas e rosas são criadas em quantidade para abastecer pesqueiros e restaurantes orientais, que começam a usar a espécie para a preparação do valorizado sashimi. Os grandes lagos abrigam, ainda, lambaris, traíras, carpas e até dourados, que ajudam no controle da natalidade.
Fonte: Diário de Mogi