A programação do 21º Encontro de Viveiristas foi focada em dois principais pilares: Gestão e Tecnologia, contemplando uma abordagem teórica associada à prática.
No período da manhã, foram realizadas cinco palestras com temas essenciais para o setor. As apresentações abordaram as principais tendências do mercado, a gestão de processos para alcançar resultados superiores na produção de mudas, a sustentabilidade como pilar do negócio e os diferentes tipos de substratos e suas aplicações para garantir mudas mais saudáveis e de alta qualidade.
GESTÃO DE PROCESSOS, COM FOCO NA EXPERIÊNCIA PRÁTICA
Henrique Zaparoli Marques, Presidente do Conselho Administrativo da Escola Cooperativa Terra Lean e Renato Abdo, Diretor Executivo da Aphortesp, conduziram as palestras do painel de Gestão de Processos.
Como fazer com que os colaborares da equipe sigam as regras e processos, de forma a atingir os resultados almejados? A resposta para esta pergunta foi o foco da apresentação de Henrique Marques. Segundo ele, isso exige entender de gestão de pessoas e leva tempo para implementar. “O foco deve ser no porquê e não em quem. É essencial identificar a causa raiz dos problemas, pois, ao encontrá-la, é possível aplicar estratégias e ferramentas de gestão que otimizem os resultados”, explicou o consultor.
Na ocasião, o especialista abordou as funcionalidades comprovadas do método desenvolvido pela Toyota para atingir a excelência operacional em uma organização, aplicando os conceitos e as ferramentas do método à cultura do setor de hortifrúti. “Ter situações claras, profissionais qualificados e funções bem definidas no ambiente de trabalho são fundamentais neste processo. Além disso, a adoção de um sistema de feedback contínuo sobre o funcionamento operacional e as atividades propostas é fundamental para o sucesso do método. Esse processo permite avaliar se o profissional realmente assimilou o conteúdo, solicitando devolutivas e explicações sobre o que foi aprendido, garantindo assim uma compreensão mais sólida e eficaz”, destacou Marques.
Já Renato Abdo, focou sua apresentação no fortalecimento da cadeia produtiva de hortaliças, destacando a atuação de entidades representativas como a Aphortesp no cumprimento deste objetivo, sobretudo por meio da atuação do Comitê Gestor de Viveiros, criado pela entidade para atendimento às demandas específicas deste segmento. “É de grande importância que o viveirista tenha uma visão global da cadeia e esteja atento à sua regularização junto aos órgãos oficiais, no atendimento às exigências legais em todos os quesitos. Pois isso beneficiará não apenas os viveiros, que estarão resguardados em caso de fiscalização, como também impactará no crescimento da cadeia como um todo”, afirmou diretor.
TECNOLOGIA: DIFERENTES SUBSTRATOS NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE HORTALIÇAS
O painel sobre Tecnologia, contou três palestras que tiveram como foco os diferentes substratos disponíveis no mercado para a produção de hortaliças e suas recomendações de uso. Rodrigo Sanches, Engenheiro Agrônomo da Carolina Soil Substratos, falou sobre a alta demanda de consumo de substratos na cultura hortícola e de que forma a arquitetura vegetal é um fator importante para a escolha do melhor substrato. “Cada fórmula de substrato tem uma proposta diferente e o bom manejo é fundamental para não perder a qualidade do substrato, preservar sua função e também manter o uso adequado, sem desperdício”, observou o profissional.
Um dos pontos de atenção mencionados por ele foi a porosidade do substrato. “A espessura da cutícula (cobertura de cera) é influenciada pelo ambiente e a planta precisa respirar. Como a planta precisa de água próxima à raiz e disponibilidade de oxigênio para se desenvolver bem, a compactação do substrato interfere muito no volume da raiz, por isso, o manejo adequado da porosidade é algo tão importante para a obtenção de um substrato de qualidade”, enfatizou Sanches.
Já Miguel Iannone Junior, Gerente Comercial da empresa Amafibra do Grupo Sococo, falou sobre os diferenciais da fibra de coco e suas características que a tornam um substrato considerado “premium” e de elevada qualidade fitossanitária. “O processo de secagem sob altas temperaturas elimina qualquer presença de fungos nos substratos e isso permite a exportação do material com elevada segurança sanitária para diversos países”, afirmou o profissional.
A fibra do coco é obtida a partir do coco já maduro, que fica cerca de um ano no pé e desenvolve uma casca externa fibrosa, que é então usada para compor o substrato. Segundo ele, o material possui muitos diferenciais como alta porosidade, possuindo característica de colmeia, com diferentes tipos de granulometria disponíveis para a escolha de aplicação – quanto mais engrossada a fibra, menor a retenção de água. Além disso, trata-se de um material inerte e estabilizado, que não sofre alterações de acordo com a temperatura, sol, chuva, etc. “Por isso, ao utilizar a fibra de coco no cultivo se faz necessário aplicar a fertirrigação para nutrir a muda. O que é uma grande vantagem, pois este substrato pode ser administrado caso a caso, da melhor forma, nutrindo as plantas aos poucos. Já o substrato que interage com a planta, pode interferir no processo de nutrição”, comentou Junior.
Por fim, Victor Jimenez, Coordenador de Vendas da empresa Oasis Grower Brasil, apresentou aos participantes soluções de substratos de espuma fenólica, disponíveis do mercado com diferentes possibilidades de aplicação no cultivo de hortaliças.
- Substratos com cavidades: cavidade reta, cavidade cônica, com perfuração ou sem cavidade.
- Substrato tipo Placas: pode conter orifícios/furos de diferentes formatos. É usado também para produzir os chamados “microgreens” (hortaliças jovens, colhidas após pouco tempo de germinação da planta).
- Substratos tipo Plugs: minitubos transplantados com conectores, vasos e potes.
- Substrato Conector: usado para transplantar mudas grandes de 45 dias, preservando o sistema radicular.
Segundo ele, a espuma fenólica é um substrato inerte e não orgânico, próprio para a germinação e enraizamento de hortaliças e ervas aromáticas. “É um produto estéril e pronto para uso imediato, projetado para obter o desempenho ideal, com a retenção ou drenagem do nutriente, de acordo com a preferência no cultivo. A estrutura celular do produto ajuda a manter o balanço perfeito de ar e água, preservando inclusive a integridade completa das raízes no transplante das mudas”, destacou Jimenez.
VISITA TÉCNICA ÀS ESTUFAS
Já no período da tarde, houve uma visita técnica à estrutura do Viveiro IBS Mudas, que atua na produção de mudas de diversas culturas hortícolas. O objetivo foi proporcionar aos participantes uma experiência prática, a partir da demonstração de tecnologia em produção de mudas de hortaliças em bandejas e enxertos. O tour pelas instalações foi guiado por especialistas da empresa, que conduziram o público presente em todas as etapas do processo de produtivo de mudas, explicando em detalhes as questões técnicas mais relevantes, além de esclarecerem as dúvidas dos participantes.
“A visita técnica foi um momento muito aguardando pelos participantes. Recebemos viveiristas de diferentes regiões do país em busca de aprendizado e atualização sobre as tecnologias que envolvem a produção de mudas. Por isso, a ABCSEM agradece ao Viveiro IBS, associado que é referência neste segmento, por ter aberto as portas para apresentar suas práticas de cultivo”, declarou Mariana Barreto.