Supermercados difundem os orgânicos, mas marcas próprias tiram identidade do produtor
Segundo a engenheira agrônoma Priscila Terrazzan, produtores orgânicos de hortaliças não têm como abastecer, sozinhos, o grande varejo. “O grande varejo quer qualidade, volume e continuidade no fornecimento. Se os agricultores não se associarem, a venda em supermercados torna-se inviável”, diz ela.
Com mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural, Priscila é autora, com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Pedro José Valarini, do trabalho Situação do mercado de produtos orgânicos e as formas de comercialização no Brasil. “As distribuidoras são agentes fundamentais para o agricultor escoar a produção”, diz ela, que ouviu as três maiores redes de varejo do País, oito distribuidoras e agricultores. O setor supermercadista é abastecido por 11 distribuidoras, que fornecem, em média, 1.187.000 unidades de frutas e hortaliças por mês. Os supermercados absorvem 89% do total comercializado pelas distribuidoras.
Sazonais. “A produção orgânica respeita a sazonalidade da lavoura e a vocação agrícola da região. Não há como mudar o manejo para atender à demanda do varejo”, diz Priscila. Para ela, a grande vantagem é que o varejo “vende muito” e investe em marketing. Por outro lado, diz, a criação de marcas próprias para orgânicos coloca todos os produtores sob essa mesma marca.
“O grande varejo tem tratado o mercado de orgânicos como estratégico no curto e médio prazos. Além da relação de marcas orgânicas com o conceito de segurança alimentar, busca-se garantir posições de mercado, agregando valor a produtos diferenciados do ponto de vista ético e ambiental.”
Fonte: O Estado de S. Paulo