Ceagesp busca parcerias para compor receita

04/02 
bruno cirillo

São paulo – Para alavancar o volume de investimentos em suas unidades, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) estuda oferecer aos empresários o usufruto da rede de armazenagem da empresa pública, em troca de investimentos. É o que afirma o diretor de Operações da companhia, Luis Ramos. “A Ceagesp tem de viver com recursos próprios, ela não recebe nenhuma verba de nenhum governo. O nosso nível de investimento, por causa disso, é baixo.”

Portanto, a diretoria do empreendimento está buscando alternativas, como a exploração da publicidade e a atração de investidores, para gerar receitas e executar projetos. Das 34 unidades armazenadoras que a Ceagesp mantém no interior paulista, apenas 19 estão ativas. As outras 15 não funcionam por razões econômicas, como falta de produtividade, mudança na vocação agrícola dos municípios e transformações urbanas que inviabilizaram os locais.

“Estamos projetando para este ano um trabalho mais firme de buscar parcerias, em toda a nossa rede de armazenagem, que possam no curto e médio prazo garantir a sua modernização”, contou o diretor presidente da companhia, Mário Maurici.

Nesse sentido, a meta é atualizar as unidades armazenadoras até o fim de 2012, garantindo que elas recebam a certificação que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reserva para o segmento. “Nós temos de fazer investimentos para que nossa rede seja certificada e não fique para trás da evolução desse mercado”, declarou Maurici. “Outra coisa é fazer um trabalho mais firme, neste ano, de atrair investimentos nos entrepostos do interior. Então, por exemplo, trazer empresas de atacado ou de atividades acessórias à nossa.”

A concessão de espaços da companhia para a produção de peças publicitárias é mais uma alternativa. No final do ano passado, uma agência produziu conteúdo no Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP). O diretor de operações da companhia vê outra possibilidade para este ano: a atração de investidores para os terrenos ociosos. “Nós temos áreas vagas. Os terrenos são grandes, mas sobra muito espaço. Até hoje, essas áreas só tem nos dado despesas”, afirmou.

Ainda para 2011, há planos de se abrir uma licitação que traga a implantação de novas tecnologias no ETSP. O objetivo é avançar com os sistemas de comunicação interna da Ceagesp, o que também implica a instalação de um sistema de monitoramento eletrônico, para aperfeiçoar a segurança e o controle de atividades no principal entreposto da empresa pública.

Nem lá nem cá

Enquadrada no Plano Nacional de Desestatização desde 1997, quando foi federalizada, a Ceagesp não pode depender de recursos privados, como explicou o diretor presidente, Mário Murici. Ao mesmo tempo, a companhia é classificada como não dependente do Tesouro, o que a impossibilita de ser sustentada por dinheiro público. “É preciso encontrar um caminho para retomar o investimento nas instalações, modernização e no aprimoramento da gestão”, avaliou Maurici. “Mas a Ceagesp não pode ir ao mercado ou ao Tesouro”.

Outro problema relacionado à desestatização, de acordo com a diretoria, é que o processo deixou dívidas às administrações posteriores. Tais débitos – trabalhistas, inclusive – impedem novos investimentos, pois reduzem mais a margem descomprometida do orçamento da Ceagesp.

Infraestrutura

Tendo movimentado 3,6 milhões de toneladas de produtos hortigranjeiros em 2007, a companhia é a maior instituição da sua categoria no Brasil, de acordo com o Diagnóstico dos Mercados Atacadistas de Hortigranjeiros, publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2009.

Os 13 entrepostos do órgão federal são responsáveis pelo abastecimento de 60% da Região Metropolitana de São Paulo, além de outras cidades paulistas e de outros estados. Já as 19 unidades armazenadoras ativas (de um total de 34) tem capacidade para guardar, simultaneamente, mais de uma tonelada de produtos agrícolas – 652,1 quilos em silos e graneleiros e 564,3 kg em armazéns. “A Ceagesp é referencial para a categoria, com técnicos que sugerem novas técnicas de armazenamento, embalagens, etc.”, disse o gerente do Programa de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), Nilton Araújo Júnior.

A maior Central de Abastecimento (Ceasa) do Brasil, pertencente à Ceagesp, é o Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP), que fica na Vila Leopoldina, na zona oeste da capital paulista.

Os gestores do estabelecimento calculam ainda que cerca de dez mil veículos e 50 mil pessoas façam a movimentação diária no local. Mais de dez mil toneladas de produtos hortigranjeiros saem do ETSP todos os dias para 1.480 municípios em 25 estados do Brasil, sem contar os 18 países que compram do entreposto.
 

Fonte: DCI – Diário do Comércio & Indústria