Eliminação do solo no sistema de cultivo não isenta o produtor da necessidade de tomar cuidados contra a ação de patógenos para evitar perdas de produtividade
Por Pedro Zuazo
A baixa incidência de doenças é uma das principais vantagens da hidroponia, mas a falta de cuidados para prevenir a ação de patógenos pode ser uma ameaça à produtividade do sistema. Inicialmente, acreditava-se que a substituição do solo pela água seria suficiente para evitar a ocorrência de problemas fitossanitários, já que a maioria dos vetores está contida no substrato. Passada a euforia dos primeiros cultivos, entretanto, percebeu-se que a frequência com que as doenças aparecem é proporcional ao tempo de uso e às práticas de manejo do sistema.
De acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Lopes, doutor em fitopatologia e pesquisador da Embrapa Hortaliças, existem fungos e bactérias que precisam de muita água para se desenvolver, por isso encontram um ambiente favorável no sistema fechado da hidroponia. Os patógenos que atacam as plantas podem ser divididos em dois grupos: aqueles que estão associados ao solo, e no sistema hidropônico são representados pelos vetores relacionados à água, e aqueles que são transmitidos pelo ar e atacam a parte aérea das plantas.
— Existe a presença, em primeiro lugar, dos fungos, ou oomicetos, que são os patógenos de solo transmitidos na hidroponia através da água. No caso da alface, cultura mais cultivada no sistema, o patógeno mais prejudicial e que deve receber mais atenção do produtor é o Pythium spp.. Depois, tem também aqueles vetores que vêm de fora, pelo ar, como os insetos que se contaminam fora do sistema e transmitem as viroses, por exemplo, que deformam as folhagens — exemplifica.
Medidas preventivas
As doenças geradas a partir da ação dos patógenos variam de acordo com a cultura. Para evitá-las, o produtor deve tomar uma série de medidas que vão desde as práticas sanitárias até a escolha de cultivares. A primeira questão importante, de acordo com Lopes, é o uso de água de boa qualidade, já que esse é o principal componente do sistema. Se o produtor optar por uma água superficial, que pode já estar contaminada, torna-se mais difícil controlar a doença. Por isso, é recomendado o uso de água de poço ou água tratada.
Outro ponto importante é a escolha criteriosa de mudas. Uma das maneiras de o patógeno da raiz entrar no sistema é através de mudas contaminadas. É essencial, portanto, conhecer a precedência do material que está sendo adquirido. Associado a isso, o agricultor deve sempre ser cuidadoso com a limpeza do sistema. Se o sistema tiver muita terra, muita poeira ou muita planta daninha, por exemplo, pode estar mais ameaçado pela contaminação.
Em relação aos vetores que atacam a parte aérea das plantas, o proprietário pode combatê-los com a instalação de uma tela protetora. Outra maneira de reduzir a ação desses patógenos é escolher um local relativamente isolado para a construção da estufa. Se ela for instalada perto de plantios comerciais, normalmente cultivados a céu aberto, eles podem servir como fonte de vetores que podem migrar para o sistema fechado.
Prevenir, no caso da hidroponia, é muito melhor do que remediar. Depois que o patógeno entra no sistema, o controle mais eficaz para controle de doenças é a aplicação de fungicidas. Se o cultivo for orgânico, o produtor deve analisar cada caso particularmente e discutir com um especialista a melhor alternativa de controle. Aos produtores iniciantes ou àqueles que querem melhorar suas produções, recomenda-se que busquem informações na literatura científica ou na internet e sempre tirem dúvidas com alguém que entenda do assunto. Para quem não conhece profissionais da área, uma boa opção é consultar os pesquisadores da Embrapa Hortaliças, através do telefone (61) 3385-9000.
Confira a reportagem completa sobre o assunto, produzida pelo Portal Dia de Campo, acessando o link a seguir: http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Newsletter.asp?data=08/11/2010&id=23057&secao=Agrotemas
Fonte: Portal Dia de Campo